Masculino e Feminino

Texto de Edison Rabello JR.

EXISTE MUITA CONFUSÃO entre as pessoas a respeito do que é ser masculino ou feminino. Geralmente se cai no estereótipo sexual, que só enxerga a coisa a partir de um ou de outro extremo, ou então a partir de uma lógica homo ou bissexual, que tende a uma visão mais ampla - mas ainda assim sexual.

Ser masculino ou feminino não é uma questão física, de termos um corpo físico de macho ou de fêmea: é uma questão de condicionamento cultural, em primeiro lugar. Os homens desde cedo aprendem, tanto pelo exemplo como pela propaganda massificada, quais são os tipos de comportamento e atitudes esperadas de um "homem de verdade". Da mesma forma as mulheres aprendem que devem ter atitudes de uma "mulher de verdade". Essa herança comportamental tem muito a ver com o lado mais instintivo, animal, dos seres humanos, pois quando os reduzimos ao básico, ao instinto de sobrevivência da espécie, então é facilmente compreensível que machos devam procurar fêmeas para acasalar e etc; no entanto, este aspecto da questão é mais para o "Discovery Channel". Aqui a ideia é vermos como é que ser masculino ou feminino pode nos ajudar a crescer, evoluir como gente.

A Bipolaridade da Bipolaridade

A primeira coisa é buscar umas analogias necessárias e a fonte é o Taoísmo. O símbolo aí de cima, famosíssimo ainda que pouco compreendido, chama-se "T'ai Chi" e representa a dualidade, a polaridade fundamental para que a Natureza possa existir. Um lado é claro, o outro é escuro, mas um pequeno círculo claro está na parte escura assim como um pequeno círculo escuro está na parte clara, mostrando que, em essência, um pode se converter no outro. Este símbolo ainda nos mostra o dinamismo essencial da vida, que pode ser visto na linha sinuosa que parece dividi-lo, mas que na verdade simboliza a interpenetração dos opostos, uma energia originando a outra infinitamente, sempre equilibradas e complementares.

O lado claro chama-se Yang, representa tudo o que é positivo, ativo, elétrico, centrífugo, ou seja, atributos normalmente encontrados - ou pelo menos esperados - nos seres do sexo masculino. O lado escuro chama-se Yin e representa tudo o que é negativo, passivo, magnético, centrípeto, ou seja, atributos normalmente encontrados - ou pelo menos esperados - nos seres do sexo feminino. Isso é bem óbvio na anatomia humana e também não é demais dizer que positivo e negativo aqui não tem nenhuma ligação com bem e mal e sim com atração e repulsão elétrica.

Mas como é que isso pode ser importante pra nossas vidas? A partir do momento em que aprendemos a identificar essas energias e suas infinitas nuances na vida, passamos a usar a polaridade como instrumento de ação e comportamento conscientemente, e não porque papai e mamãe ou a TV falaram que tem que ser assim. Por exemplo: é bem comum vermos manifestações chamadas feministas, ou seja, que lutam para que as mulheres tenham mais espaço na sociedade, nas empresas, na política, sejam mais respeitadas, etc. Mas a partir do momento em que elas tomam este tipo de atitude elas estão sendo masculinas, ou seja, estão trabalhando uma nuance da energia dita masculina, ativa, guerreira; estão sendo o ponto de cor diferente no desenho acima. E se elas querem alcançar seus resultados não adianta se comportarem passivamente, têm que ir mesmo à luta usando a energia masculina.

Outro exemplo: uma professora é masculina em relação a seus alunos, porque ela detém um conhecimento e o dissemina e os alunos, pra aprender, têm que se colocar numa posição receptiva, feminina, mesmo que seja um bando de marmanjos barbados. Se os alunos resolvem assumir a sua masculinidade intelectual na hora de aprender, vai ser impossível a comunicação se estabelecer, porque vai ser um conflito de dois "machos-alfa" pelo mesmo espaço - a mente dos próprios alunos. Resumindo: quer aprender qualquer coisa? Primeiro seja feminino pra receber a informação; depois seja masculino pra analisá-la, então novamente feminino para absorvê-la e finalmente masculino de novo pra transformá-la em algo seu e passar a usá-la como parte do seu conhecimento acumulado.

A Hétero Homossexualidade

Este conflito de machos ou fêmeas-alfa pode ser exemplificado também recorrendo ao estereótipo sexual. Quando se fala de homossexualidade, falta tirar o corpo da parada, porque como é que dois homens ou duas mulheres podem querer fazer sexo, se a natureza os dotou da mesma anatomia? Calma lá, olha o preconceito! Pra dois homens transarem, um dos dois ou os dois em momentos distintos tem que fazer o papel feminino, passivo e o outro o papel masculino, ativo, se não a coisa não funciona, vai ficar sobrando alguma coisa. Com as mulheres a mesma coisa: se uma das duas não fizer o papel masculino de alguma forma, não tem sexo, vai ficar faltando alguma coisa.

Deu pra perceber aonde quero chegar? É só olhar o símbolo lá de cima de novo: tudo é dinâmico na vida, tudo se move, tudo é relativo e muda o tempo todo e quem aprende a jogar o jogo desta forma ganha mais, porque conhece mais, respeita mais, sabe a hora de falar grosso e também sabe a hora de ter jogo de cintura.

E quando entra o lado oculto a coisa complica ainda mais, porque uma pessoa que no físico é normalmente ativa e masculina - por exemplo, um lutador de boxe - pode ser um cara completamente passivo e submisso no astral, o que é ainda mais sério do que se fosse no físico, porque no astral ele pode ficar sujeito a seres que passam bem longe do que conhecemos como boas intenções e aí vai virar um joguete nas mãos desses seres.

Saber usar a dualidade da Natureza, saber usar nossa luz e nossa escuridão, são passos fundamentais no caminho do conhecimento e da liberdade individual. Nosso ego inferior nos faz tomar posições rígidas, tipo "eu sou um cara flexível" ou "eu sou uma mulher durona" e passamos a representar essa peça pra nós mesmos achando que somos aquilo pra sempre. Mas não somos.

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