segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Falta de Tempo para Meditar

Texto de SWAMI BRAHMANANDA.
Do livro "O Eterno Companheiro" de Swami Vijoyananda.

swami-brahmananda.jpgÉ UM ERRO pensar que a meditação não pode ser praticada por falta de tempo. A causa real é a inquietude da mente.

O trabalho e a meditação devem marchar lado a lado. É muito bom se alguém pode dedicar-se por completo às práticas espirituais. Mas, quantos são os que podem fazer isso?

Dois são os tipos de homens que podem sentar-se quietos sem trabalhar. Um é o idiota que é inerte em demasia para ser ativo. O outro é o santo que foi além de toda atividade. Como diz o Bhagavad Gita: sem ação ninguém pode alcançar a inação.

A atividade é um meio para alcançar o estado de meditação.

Mesmo aqueles que abandonaram todo o trabalho e levam uma vida ascética, têm que dedicar algum tempo para obter o necessário para viver.

Em vez de trabalhar para ti, trabalha para o Senhor. Dedica-te a teu tra­balho, pensando que o fazes como adoração ao Senhor. Se puderes trabalhar com essa idéia, teu trabalho não te escravizará. Além disso, far-te-á um bem físico, intelectual, moral e espiritual. Oferece corpo e alma aos pés do Senhor. Entrega-te a Ele por completo, sê Seu servidor e dize-lhe:

- Dou-te meu corpo minha alma e tudo que tenho. Faze deles o que Tu quiseres; eu estou pronto para servir-te com todas as minhas forças.

Se puderes fazer isso, a responsabilidade de teu bem-estar espiritual ficará com Ele. Não necessitarás preocupar-te mais; mas tens que entregar-te com toda a alma. Não o faças com dúvida em teu coração tomando o Nome do Senhor para cruzar o rio e ao mesmo tempo, levantando as roupas para que não se molhem.

"Uma leiteira fornecia leite a um sacerdote brahmin que vivia no outro lado dum rio.

Devido às irregula­ridades no serviço dos barcos, ela não podia entregar-lhe o leite com pontualidade, todos os dias. Uma vez, sendo repreendida por sua demora, a pobre mulher disse:

- Que posso fazer, senhor? Tenho que esperar muito tempo pelo barqueiro.

O sacerdote repreendeu-a:

- Mulher, cruza­ste o oceano da vida repetindo o nome de Deus; e tu não podes cruzar este pequeno rio?

A mulher, em sua simplicidade, acreditou no sacerdote. A partir do dia seguinte, começou a cruzar o rio, murmurando o nome de Deus. Um dia, o sacerdote perguntou-lhe como é que já não se atravessava como antes. A mulher respondeu:

- Cruzo o rio, repetindo o nome do Senhor, como me mandaste.

O sacerdote não podia crer e quis ver, por si mesmo, como a mulher cruzava o rio. A mulher levou-o com ela e começou a cruzar o rio, repetindo o nome do Senhor, enquanto caminhava sobre as águas. Mas ao olhar para trás, viu o sacerdote que a seguia com medo e que estava erguendo as roupas.

- Como é isso - disse-lhe, - repete o nome do Senhor e, ao mesmo tempo, levanta suas roupas para que não se molhem? Realmente, o senhor não confia em Deus."

Parábola de Ramakrishna.

O trabalho e a adoração devem ser feitos juntos. Parece difícil que se harmo­nizem. Deve-se provar algumas vezes. Sri Ramakrishna costumava dizer:

- O bezerrinho recém-nascido procura ficar em pé, mas cai muitas vezes. Ensaia novamente e por fim não só aprende a ficar de pé, como também a correr.

No princípio da vida espiritual, ter algum trabalho regular é uma boa disciplina para a mente. A mente assim disciplinada pode aplicar-se à meditação e às práticas espirituais. A mente que está acostumada a seguir seus próprios impulsos, fará o mesmo durante o tempo da meditação.

Para o homem espiritualmente adiantado, chega uma época em que deseja dedicar-se unicamente à meditação e à oração. Então, o trabalho cessa por si mesmo. Isso acontece quando a mente desperta espiritualmente. Por outro lado, se alguém dedica-se com exclusividade às práticas espirituais, pela força de vontade só pode prosseguir durante alguns dias. Depois vem a monotonia.

Os que persistem podem perder o juízo.





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