quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Valor de Gente Ruim

Texto de CARLOS CASTANEDA
no livro “O Fogo Interior”

UM PEQUENO TIRANO é um atormentador .

Alguém que ou mantém poder de vida e morte sobre guerreiros ou simplesmente os perturba, levando-os à distração.

Disse que havia duas subclasses de pequenos tiranos inferiores.

A primeira subclasse reunia os pequenos tiranos que perseguem e infligem miséria, mas sem chegar a causar a morte de ninguém. Esses foram chamados de pequenos tiraninhos.

A segunda consistia dos pequenos tiranos que são apenas desesperantes e aborrecidos ao extremo. Estes foram chamados de minúsculos tiraninhos.

Acrescentou que os pequenos tiraninhos são ainda divididos em quatro categorias. Uma que atormenta com brutalidade e violência. Outra que o faz criando uma ansiedade intolerável através da desonestidade.

Outra que oprime com a tristeza.

E a última, que atormenta fazendo os guerreiros se enraivecerem.

O pequeno tirano é o elemento externo, aquele que não podemos controlar, o que é talvez o mais importante de todos eles.

Meu benfeitor costumava dizer que o guerreiro que tropeça num pequeno tirano é um guerreiro afortunado.

Se Preparando Para o Ocultismo

Compreendendo a natureza do homem, os guerreiros foram capazes de chegar à incontestável conclusão de que, se os guerreiros conseguem manter-se inteiros ao defrontar-se com pequenos tiranos, podem certamente encarar o desconhecido com impunidade, e então podem suportar até mesmo a presença do incognoscível.

A reação do homem médio é pensar que a ordem dessa afirmação deveria ser invertida, que o guerreiro que pode permanecer inteiro em face do desconhecido pode certamente encarar pequenos tiranos.

Mas não é assim.

O que destruiu guerreiros soberbos dos tempos antigos foi essa presunção.

Agora, já sabemos. Sabemos que nada pode temperar tanto o espírito de um guerreiro quanto o desafio de lidar com pessoas intoleráveis em posições de poder.

Apenas sob essas condições podem os guerreiros adquirir sobriedade e serenidade para suportar a pressão do que não pode ser conhecido.

Em oposição pode-se dizer  que inúmeros estudos tem sido realizados sobre os efeitos da tortura física e psicológica em tais vitimas, mas a diferença está em que elas são vítimas, não guerreiros.





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