segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A Vida e a Existência na Espiritualidade

Texto de SWAMI TILAK.

O HOMEM TRATA de buscar a solução dos problemas da vida. A vida, aparentemente, é limitada, mas os problemas são ilimitados.

Quando está acordado o homem tem pro­blemas; no sono tem problemas; em sua infância tem pro­blemas; em sua juventude tem problemas e em sua velhice também tem problemas.

Assim é que quando uma pessoa é uma criança, pensa que na juventude há muita alegria, muita liberdade, muita segurança; mas quando entra na etapa da juventude, enfrenta-se novamente com os proble­mas. Então, temos muitos problemas e temos que vencer todos eles.

Quem cria os problemas?

Podemos culpar outras pes­soas por nossos problemas, mas em verdade ninguém está contra nós! O mundo nada pode fazer para prejudicar-nos!

Por exemplo, quando o vento sopra, o homem saudável se sente feliz, tem alegria; mas quando o mesmo homem está doente, o vento lhe parece prejudicial. Em realidade, a na­tureza do vento não muda nem por mim nem por vocês. O vento tem sua natureza; o sol tem sua natureza. Quando uma pessoa se afoga na água, a água não é responsável. Quando se queima no fogo, o fogo não é responsável.

Os Problemas e a Natureza

Em realidade, quando não se conhece as leis naturais e não se estabelece com harmonia nas leis universais, tem-­se que sofrer! O sofrimento, em realidade, não é resul­tado de outras coisas alheias a nós ou de outras pessoas. O sofrimento é o resultado de nossa própria fraqueza! Te­mos que tirar essa nossa fraqueza para buscar em nós mesmos a fonte interior do poder!

A natureza segue seu curso; não pode mudar segundo o desejo de qualquer pessoa no mundo. Os santos e sábios dizem: "Em lugar de culpar aos outros, deve-se buscar o poder de vencer-se a si mesmo." Isso é necessário. A espi­ritualidade não é a ciência da fraqueza; a espiritualidade não é a ciência da mendicância constante!

Encolhendo a Pedra

Uma vez na minha infância tive o desejo de levantar uma pedra muito grande, mas eu não tinha o poder para tanto. Então, constantemente sentava-me frente à pedra e rogava-lhe dizendo:

- Ó pedra, tu deves reduzir-te, tu deves reduzir-te, tu deves...



terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Variedades de Experiência Religiosa

Texto de Nolini Kanta Gupta.

Nolini Kanta Gupta

JÁ HOUVE religiões, tentativas de aproximação do Divino, que não acreditavam na divindade do homem como, por exemplo, a linha da Caldéia ou a Semítica. De acordo com elas, o Criador e o Criado são separados em ser e natureza; chamar de Deus qualquer coisa criada é blasfêmia.

Os egípcios antigos, os hebreus ou muçulmanos, colocam Deus lá em cima no paraíso e, do seu ponto de vista, o homem só pode ser seu servo ou escravo, seu trabalhador ou guerreiro.

O homem é muito pequeno e muito terreno para identificar-se com Deus: só pode ser um adorador. O homem pode amar a Deus, no máximo, como seu Amado. Mas esta devoção é dirigida a algo distante, como o desejo da mariposa pela estrela. E igualar os dois é confundir realidades. O homem, como adorador e devoto, pode alcançar certas qualidades divinas, mas limitadas e modificadas e sempre humanizadas de um modo geral. E Deus nunca pode se tornar homem.

Ele envia seu representante, seu vigário, profeta ou apóstolo que age por ele, em e através de quem Ele age, mas Ele próprio não desce e se reveste da forma carnal. O universo é obra de Deus e atesta seu milagre e sua glória; mas o universo não é Deus. Entre o relógio e o relojoeiro há sempre um hiato e uma incomensurabilidade.

Deus e o Vedanta

Mas podemos nós dizer:

- Nasci de Deus e contudo não sou Deus?

Assim, os indianos audaciosamente declaram que tudo isto é o Divino supremo, não há nada que não seja o Divino — sarvam khalvidam brahma — Eu sou Ele, Tu és Aquilo, ou ainda, Aquilo que está em mim e o Ser consciente que está lá no sol, são uma e a mesma coisa. Deus criou o homem e o mundo, Ele está no homem e no mundo, Ele tornou-se e é o homem e o mundo.

Não apenas isso.

Deus não apenas tornou-se o torrão de terra reduzindo Seu potencial a zero, por assim dizer, mas Ele desce, frequentemente, em Seu próprio Ser e consciência, aqui para baixo, assumindo uma forma humana, para um trabalho e propósito especiais. Esta é a concepção indiana do Avatar.

Deus e o Cristianismo

A concepção cristã parece ocupar uma posição intermediária, sendo uma espécie de elo que liga as duas. Cristo não é apenas o Filho de Deus, mas é também o Deus-Homem — ele afirma muito clara e categoricamente que ele e o Pai no céu são um e que todos deveriam ser tão perfeitos como o próprio Deus.

Contudo, uma diferença é ainda mantida. Em primeiro lugar, a respeito do nascimento. O Deus-Homem não nasceu do pecado como os mortais comuns, mas uma virgem imaculada deu-lhe nascimento.



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