Texto de Dudu Lopes.
QUANDO SE FALA em poder do pensamento logo se pensa em mover objetos, entortar colheres indefesas, influenciar pessoas hipnoticamente, telepatia, e outras baboseiras hollywoodianas.
E, no entanto, o que tem de mais importante no poder do pensamento é o poder de ser independente.
Aprender o poder do pensamento é aprender a ser independente. Não há independência sem o poder do pensamento. Não importa se a dependência é econômica, emocional, espiritual, a dependência é sempre falta do poder do pensamento.
Conseqüências Sobrenaturais
Exercitando o poder do pensamento, a gente acaba por passar por algumas experiências que parecem sobrenaturais como viagens fora do corpo, adivinhar quem está chamando ao telefone, perceber o pensamento e a intenção de pessoas que estão distantes, e outras coisas do gênero.
Infelizmente muita gente pára por aí, pensando que atingiu alguma coisa de valor. Mas o único valor realmente importante no poder do pensamento é o poder de ser independente.
E, de toda forma de independência, pensar por si próprio é a vareta negra que nos ajuda a pegar as demais.
Saber transformar em formação pessoal as informações que chegam até a gente, transformá-las em capacidade de decidir, de agir, é o que é a verdadeira faculdade de discriminação.
Discriminar é conseqüência do poder do pensamento, e não o contrário. Para discernir bem é necessário poder mental e para ter poder mental existem alguns exercícios que transformam uma mente fraca em uma mente mais forte.
Fortalecendo O Futuro
Para os iniciantes, o primeiro exercício para se atingir o poder do pensamento é proteger o próprio futuro.
O nosso futuro é criado no Plano Causal com energia que emanamos a partir do corpo físico. Com o acúmulo de energia as coisas de nosso futuro (pequenas como uma camisa ou grandes como uma família) descem ao Plano Astral onde continuam a ser alimentadas até chegarem ao Plano Físico como situações e coisas concretas.
No entanto, outras pessoas podem interferir nesse futuro, alimentando o nosso futuro ainda no Plano Causal de acordo com o interesse delas e não os nossos. E, com o passar do tempo, sem que a gente se dê conta, a gente vê a nossa vida tomar rumos que não nos beneficia, mas beneficia a alguém que pode ser uma ou mais pessoas próximas ou conhecidos com que convivíamos e que agora são distantes.
Para evitar isso, existe um exercício muito simples, mas muito valioso: moldar o próprio futuro a partir do poder do pensamento.
Sente-se confortavelmente, sozinho, em algum lugar que não haja risco de ser importunado por ninguém. É importante a certeza de que não vai ser importunado e é importante estar na posição vertical, deitado é mais provável de que o exercício não funcionará corretamente. Durante 10 minutos, nem mais nem menos, imagine em detalhes tudo o que gostaria para o seu futuro, mas imagine o perfeito e não o possível. Não interessa se não pode ter um loft em Paris, se é isso que representa a perfeição pra você, é isso que deve ser imaginado. Não é como sonhar acordado quando a gente desfruta dos prazeres das coisas imaginárias, é como planejar, então veja a sua casa em detalhes, os cômodos, os móveis, mas não sonhe acordado com a casa, criando situações prazerosas imaginárias. Faça o mesmo com pessoas (filhos, cônjuges, amigos, etc.), com a vida profissional, com a saúde, enfim, todas as coisas que julgue importante para o seu futuro, planejando algumas num dia, outras em outro, ou repetindo a mesma coisa que já imaginou. Faça esse exercício todo dia, durante 10 dias e, então, pare. Repita esse exercício todo ano, se possível.
Não há efeitos visíveis imediatos para esse exercício, a maioria das pessoas nunca percebe seus resultados porque a gente só se dá conta das coisas quando elas acontecem, quando uma coisa não acontece, a gente não se dá conta. Se a gente teve uma ameaça de uma doença infecciosa grave, mas o corpo evitou que a doença acontecesse sem que percebêssemos qualquer sintoma, continuamos a vida sem nem mesmo se dar conta que passamos por uma ameaça séria. Se, inadvertidamente, viramos uma esquina e evitamos um assalto logo adiante, vamos continuar a viver sem ter se dado conta de que evitamos um grande perigo.
Fé É Fidelidade
O segundo exercício é um exercício de fé. Ao contrário do que se pensa, fé não tem nada a ver com acreditar em alguma coisa cegamente, só porque alguém falou ou porque está escrito em algum lugar. Ao ler essa frase, provavelmente você pensou logo nos cristãos que muito falam de fé como uma aceitação sem questionamento de algo que está na Bíblia e em seus dogmas, mas a abordagem que muitos cientistas e leigos têm em relação à ciência é uma espécie de fé cega naquilo que é afirmado em publicações científicas. Ateus podem até não acreditar em Deus, mas sempre acreditam num ponto de referência que julgam ser maior do que si mesmos, em geral chamam isso de Ciência. Mas, quando não há discernimento, Deus ou Ciência são os nomes de uma mesma bobagem, literalmente, sem pé nem cabeça.
Fé é criar uma fidelidade, sintonizar-se, com uma Força maior do que você. É importante que essa Força não seja aleatória, mas uma Força que estimule o que há de positivo na natureza circundante. E, para esse exercício, é necessária alguma auto-análise.
Eu sempre fui muito mentiroso, passei praticamente toda a infância e a adolescência mentindo muito. Nos primeiros anos da idade adulta tive contato com a história de Mahatma Gandhi e comecei a praticar aos trancos e barrancos o falar a verdade. Depois de algum tempo percebi que o hábito da mentira me desgastava, e percebi também que, pra mim, muito mais importante do que só falar a verdade, era enxergar a verdade das coisas. E, em vez de me preocupar em responder um "Tudo bem?" com um relato minucioso de minha vida, resolvi responder um "Tudo bem?" com um "Tudo bem.", mesmo não estando tudo bem, e assim gastar a minha energia e o meu tempo em algo realmente útil: enxergar a verdade na minha vida.
Enxergar a verdade foi, na ocasião, o meu exercício de fé, de me sintonizar com algo maior do que eu, nesse caso, a verdade. Como efeito colateral, desenvolvi a minha clarividência que até então era praticamente nenhuma.
Uma pessoa muito possessiva deveria exercitar a sua fé auxiliando materialmente pessoas que não terão capacidade de retribuir.
Mas cada um terá um exercício de fé que funciona pra si; alguém que não sabe dizer não, dificilmente vai ter algum benefício auxiliando materialmente alguém; uma pessoa franca ao ponto da grosseria não vai se beneficiar em falar a verdade; uma pessoa minuciosa ou detalhista demais não vai se beneficiar em enxergar os detalhes da verdade da própria vida.
As 10 Grandes Forças Da Natureza
Cada pessoa terá que decidir com qual Força não está sintonizada e que deve se sintonizar. O Ashtanga Yoga lista 10 forças principais:
Yamas
- Não Violência ou Ahimsa (pron.: arrímsa). A não-violência contra os outros e contra si mesmo; mental, emocional e física. E também não deixar que a violência alheia atinja a sua vida, evitando situações de risco e pessoas que podem lhe causar dano.
- Verdade ou Satya (pron.: sátia). A verdade em todos os seus ângulos; não só falar, mas também enxergar a realidade das coisas e agir de acordo com elas.
- Não Roubar ou Asteya (pron.: astêia). Não roubar coisas nem idéias ou atitudes. E também procurar ser original.
- Continência ou Brahmacharya (pron.: brâma-atchária). Não viver em função dos prazeres da vida, sejam prazeres sexuais, gastronômicos, etc. Muita gente vive durante a semana em função da diversão que vai ter no final da semana, e isso é viver um dia ou dois dias em sete.
- Não Ser Possessivo ou Aparigraha (pron.: aparigrárra). Não dar uma importância maior aos bens materiais do que a importância que realmente têm. Isso pode significar uma renúncia religiosa aos bens materiais ou simplesmente não enganar a depressão com uma comprinha no shopping, ou enganar a insatisfação da vida comprando um carro novo ou móveis novos.
Niyamas
- Limpeza ou Shaucha (pron.: chôtcha). Limpeza do corpo externa e internamente, o que inclui boa alimentação, beber água, dormir bem. Limpeza do ambiente externo física e astralmente, o que inclui limpeza física mas igualmente limpeza astral através de práticas para limpar larvas e sujeiras astrais. Limpeza mental e emocional, que inclui pensamentos mais claros e corretos e emoções mais equilibradas e produtivas.
- Contentamento ou Santosha (pron.: santôcha). A maioria de nós acha que contentamento é estar contente com a situação como está. Contentamento é estar ciente das prioridades da vida e dos limites que a vida nos impôs. Procurar expandir esses limites dentro da realidade é uma necessidade para se amadurecer, mas fingir que eles não existem é infantilidade. O mesmo pode ser dito em relação às prioridades da vida, ignorá-las em prol de alguma coisa que parece mais importante ou mais prazerosa é imaturidade, e toda imaturidade leva a conseqüências desagradáveis.
- Economia ou Tapas (pron.: tapás). Tapas costuma ser traduzido como austeridade, mas austeridade no sentido ocidental tem uma conotação relacionada com perda sem vantagem alguma. Economia sempre é uma relação de ganho futuro. Essa economia pode ser financeira, mas pode ser também de saúde, de energia nervosa e emocional, de idéias, e outras coisas. E economia só é economia quando prepara o indivíduo para gerar ganhos futuros, se não for assim é avareza ou medo de pobreza. Tapas é economizar para criar recursos, então, em última instância, tapas significa criar recursos.
- Auto-análise ou Svadhyaya (pron.: suad-riáia). A maioria das pessoas vive superficialmente, vive um dia após o outro sem pensar em nada a não ser o que a natureza põe em sua frente que, em geral, é conseguir romance ou sexo, ser atraente para ser querido ou amado pelos outros, obter e gastar dinheiro, e cumprir tarefas (no trabalho, na família, na escola, no lazer, etc). A atenção está sempre voltada para fora, para os outros e para as coisas externas, não pensa em como errou ou acertou, na própria conduta, nos próprios valores, nas próprias deficiências, e assim não consegue utilizar o que tem de bom com pleno potencial e nem consegue se livrar das limitações. Conhecer a si mesmo é conhecer nossos recursos e deficiências e utilizar tudo da melhor maneira possível.
- Entrega ou Ishvarapranidhana (pron.: íchuarápranid-râna). Existem problemas que realmente não estão ao nosso alcance. Resolver os problemas do mundo não está ao nosso alcance, existem certos problemas de nossa vida que não estamos aptos a resolver ou que simplesmente estão numa esfera fora de nossa capacidade de atuação. Entregar esses problemas à Divindade e deixar que ela resolva e cuidar apenas de fazer o que está ao nosso alcance é o que é entrega. Enquanto tomamos em nossa mão problemas que não nos compete (que não temos competência para lidar com eles), eles não se resolvem, entregá-los nas mãos das Forças Espirituais ou da Divindade é a única forma de solucioná-los.
Praticando Com Equilíbrio
Pouquíssimas pessoas conseguem atuar com essas 10 forças todo o tempo e, para a maioria de nós, forçar a entrada dessas 10 forças em nossas vidas pode ser mais prejudicial do que benéfico.
No entanto, vez por outra, como um instrumento para se conseguir mais poder mental, praticar uma dessas 10 potências da natureza pode trazer um grande benefício, desde que feito sem agressão contra si mesmo, sem forçar a vontade, sem transformar uma dessas ferramentas numa bandeira partidária, cobrando de todos a mesma ação.
O Poder Mental
O poder mental não é racionalização pura e simples, nem uma boa capacidade de verborréia; e discernimento não é rotular o que é certo ou errado e sim enxergar o que é certo ou errado, o que pode mudar completamente de uma hora pra outra.
O poder mental é um poder bondoso, iluminador e não dominador.
Leia também:
O Poder Da Direção do Pensamento
4 comentários.
Muito bom texto, cara.
Um abraço
Carlos
“
Carlos disse...: Muito bom texto, cara.
Um abraço
Carlos”
Obrigado pelos elogios e um abração pra você também.
Dudu.
sobre a mentira e ver a verdade e sair dos equivocos, sim, a iniciação do pinochio... obrigada , paz si
Eu que agradeço por participar com seu comentário.
Muita paz pra você também,
Dudu.
Postar um comentário