segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Iniciação e o Guru - II

Texto de SWAMI TILAK.

II

O AMBIENTE É O responsável de despertar as ideias na mente do homem. Se vocês estão em ambiente puro terão ideias puras.

A companhia do Mestre sempre cria ideias altas, ideias espirituais. A princípio o discípulo tem dúvidas em sua mente. Depois as dúvidas desaparecem e ficam a confiança, a determinação.

Neste momento o discípulo é como uma flecha, e o Guru como o arco. Em realidade o arco dá a força, dá a direção à flecha. Depois de se lançar, a flecha já não estará unida ao arco, mas segue a direção que o arco lhe deu.

Assim mesmo, ao fim o discípulo consegue sua independência, sua liberação, mas a direção que sua mente recebeu de seu Mestre, continua toda a vida. Se o Mestre está presente ou não, não é importante. A inspiração, a direção, as ideias recebidas do Guru continuam sempre na vida do discípulo.

Isto é a Iniciação. Iniciação não é dependência.

O Mestre não lembra ao discípulo que:

- Tu és meu discípulo, e então tens que seguir-me.

Não trata de sobrepor sua autoridade no discípulo. Em verdade a inspiração é a manifestação da vontade da pessoa. Assim, o Mestre põe a semente da liberação, da realização, de esforço de seu discípulo. O discípulo, com sua grande confiança constante, trata de crescer, sempre. Então o crescimento do discípulo é o resultado de sua vontade; mas a semente é do Mestre. A semente do Mestre é em verdade a Iniciação.

Quando saí do eremitério de meu Mestre, ele me disse:

- Filho meu, até agora tens estado comigo, agora tu partes. No futuro teu Guru estará presente em todas partes. Teu Guru não estará simplesmente em teu corpo. Todas as pessoas que possam dar-te a sabedoria, a Verdade, são teus Gurus. Em verdade Guru não é o corpo; o Guru verdadeiro é o Ser mesmo; e para a realização do Ser mesmo, uma pessoa senta aos pés sagrados de seu Mestre e trata de avançar, constantemente.

Não é Falar, é Fazer

A gente fala muito sobre Guru, mas um discípulo verdadeiro não fala muito sobre seu Guru. Age segundo os ideais que seu Guru lhe apresenta.

Por exemplo, um grande santo a quem os homens perguntavam:

- O senhor não tem amor a seu Mestre?

Ele dizia:

- Sim.

- Então por que não escreve a biografia de seu Mestre?

Na Índia existe o hábito de que os santos e sábios não escrevem sua auto-biografia; não a escrevem porque é uma manifestação do ego. Na opinião deles, exceto Deus, todas as coisas são insignificantes; simplesmente são formas, nada mais. A história de Deus é maior que a história de qualquer pessoa. E os santos e sábios estão no mundo, para escrever a história de Deus, não para escrever a história de si mesmos.

Na Índia, segundo meu conhecimento, nenhum santo há que tenha escrito sua auto-biografia. É hábito que os discípulos escrevam a biografia de seu Mestre.

Assim, nenhum santo e sábio começa uma Organização ou Instituto em seu nome. Por exemplo: Havia um grande Sannyasin, Swami Vivekananda. Ele fundou a Missão de Ramakrishna, e não a Missão de Vivekananda. Porque Ramakrishna era seu Mestre.

Então toda a vida do discípulo é para o Mestre. Há muitas grandes coisas no mundo, mas ele oferece todas, aos pés sagrados de seu Mestre.

Quando uma árvore cresce e depois frutifica, seus frutos sempre caem aos pés da árvore. A árvore carregada com frutos, sempre trata de envergar-se aos pés da árvore. Assim mesmo, quanto mais cresce um discípulo, quanto mais ele avança, mais e mais rende-se a seu Mestre. Então quando as pessoas tornaram a perguntar ao grande santo se não ia escrever mais a biografia de seu Mestre o Santo respondeu:

- Esperem um pouco, um dia irão ver a biografia de meu Mestre.

Quando este Santo já estava por morrer, as mesmas pessoas perguntaram-lhe:

- Onde está a biografia de seu Mestre? Não escreveu nada?

O Santo replicou:

- Vocês não tem olhos para ver a biografia de meu Mestre. Toda minha vida é a biografia de meu Mestre! Todas minhas ações são simplesmente o reflexo de meu Mestre!

O Que é Iniciação Espiritual

Como uma flor produz a fragrância sem dizer nada e não permanece diferença alguma entre a flor e a fragrância, assim é claro que nenhuma diferença há entre o discípulo e o Mestre. Esta unificação, esta identificação entre Mestre e discípulo é a Iniciação.

Quando o Mestre está estabelecido em Deus, no Ser Supremo, e o discípulo está estabelecido no Mestre, indiretamente o discípulo está estabelecido em Deus.

Cristo diz: "Eu estou em meu Pai, meu Pai está em mim; Eu estou em vós, vós, em mim". Esta realização é a Iniciação.

A Iniciação é muito difícil. A Iniciação não é simplesmente a recitação de alguns hinos. Então devemos buscar um Mestre e devemos identificar-nos com ele; esquecendo nossas vidas individuais.

Agora o discípulo brilha na Verdade e toda sua vida segue a vida do Mestre.

Fonte: Jnana Mandiram





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