Texto de Dudu Lopes
EU NÃO ACREDITO em Deus e não vejo a menor vantagem em se acreditar. E se você pensa que sou daqueles que dizem que não acreditam em Deus porque sabem que Deus existe, bem, eu não sei.
O que sei é que a maioria das pessoas com quem conversei sobre o assunto tem uma relação com Deus como um amiguinho imaginário, um papai do Céu com quem conversam quando a coisa pega e que ignoram como uma fantasia passada quando tudo está bem.
A minoria com quem conversei tem Deus como um amiguinho imaginário a quem recorrem em momentos difíceis e quando chegam os momentos mais fáceis louvam o Onipotente ou O mantém em mente por coerência ou medo de a coisa pegar novamente.
Pra consolo das massas é muito importante acreditar em Deus, e seria um hipócrita se dissesse que num momento trágico não recorreria a esses artifícios, mas sejamos francos, aonde se chega com esse tipo de abordagem em que se finge que Deus existe?
Fingimento? Sim porque acreditar é fingir que se sabe alguma coisa. Eu posso acreditar que o homem foi à lua mas, na verdade, não tenho condições pra saber se foi. Ler um livro ou uma matéria científica, com o autor jurando de pés juntos que o homem foi à lua pode me fazer pender para acreditar que o homem foi à lua por causa de tal ou tal motivo que pareça coerente, mas saber mesmo, só por experiência direta.
Você pode acreditar no que quiser, mas saber, só sabe o que experimenta diretamente.
- E se eu não tenho condições de experimentar Deus diretamente, o que eu faço?
Aí é com você, no meu caso eu tomei uma posição baseada em minhas necessidades.
O Ateu
Um ateu clássico, do tipo que transforma a ciência em religião, toma as publicações científicas como base para as suas crenças, e com muita fé defende a ciência como a única religião verdadeira e o método científico como a única verdade absoluta, é um crente de uma religião disfarçada em "sabedoria" científica.
Crença é crença, não importa se vem numa roupagem científica ou religiosa; e toda crença é um fingimento de que se sabe.
A vitamina D é vendida às supertoneladas com a alegação científica que é, como o sangue de Jesus, uma panaceia para todos os males. Já surgem estudos que o consumo de vitamina D, como se julga saudável hoje em dia, é altamente prejudicial à saúde. Hoje vi na TV um pastor evangélico chorando aos borbotões porque roubaram R$ 30 mil que recebera de uma rescisão de trabalho. Acreditar no método científico como algo absoluto, ou no sangue de Jesus, nada mais é do que fingir que sabe.
Eu cansei de acreditar, a minha necessidade é saber. Não me interessa saber se existem ou não existem buracos negros ou água em algum quiosque na beira da praia de alguma lua de júpiter, ou como foi o Big Bang. Também não me interessa saber se Jesus existiu, ou Krishna, ou Buda.
É Bricandeira...
O que me interessa é saber por que raios essa sandice chamada vida existe. Não só a vida física, mas toda a existência em todas as esferas. Não quero saber porque eu ou você existimos, eu quero saber porque eu tenho que perguntar por que. Menos do que isso, é pura diversão ingênua, como estudar a Bíblia, o Mahabharata, o céu astronômico para saber a tal origem do universo como se saber a origem do universo explicasse porque ser feio é pior do que ser bonito, a fome dói e a fartura conforta, porque depois de velho estou passando por esse ou aquele problema; e, principalmente, a única pergunta que interessa e que nenhum santo ou sábio soube me responder: por que existe TUDO?
A resposta clássica é porque é uma brincadeira, um jogo de Deus, e que somente alcançando um estado além da mente se terá a resposta a essa pergunta.
Eu não acredito em Deus, a primeira parte da resposta, a que fala da brincadeira de mal gosto, não me diz nada. Mas a segunda parte é a minha razão de viver nessa e em minhas encarnações futuras, chegar em um estado além da mente é a minha meta de vida, o resto é secundário e pertence ao lado da sobrevivência que cada vida exige.
Eu não sei se esse estado além da mente existe como algo consciente; assim como qualquer um já vislumbrei um estado além da mente de forma inconsciente, um nada num sono profundo ou num desmaio. Mas um nada consciente, só vendo pra crer; mas pra saber, só se conscientizando sem ver.
4 comentários.
MEU DEUS ACREDITA EM VOCE! PODI TER CERTEZA! SE MUDAR DE PENSAMENTO,PROCURA POR ELE.ELE NAO GUARDA MAGOAS,DE QUEM NAO ACREDITA NELE.PERDOA,ACOLHE!
Obrigado, anônimo, por oferecer a opção de procurar o seu deus, muito amável de sua parte.
Mas se eu fizesse isso, cairia no mesmo problema de acreditar no meu deus ou no deus de qualquer um outro.
Você se satisfaz em crer em Deus, eu só me satisfaço em conhecer Deus.
Talvez você veja isso como algo impossível ou muito difícil e prefere crer que é muito mais acolhedor.
Mas eu não procuro o que me acolhe ou o perdão, eu procuro conhecer, eu procuro conhecimento.
Um abração,
Dudu.
Muito bom seu texto, mas achei contraditório num momento: você fala em suas reencarnações futuras. Eu não sou uma pessoa da ciência, mas acredito que pra alguém reencarnar usando só hidrogênio, oxigênio e carbono não dá, né?
Também ando questionando o que antes eu tinha como fé. Aliás, que vantagem existe em ter fé em algo tão impalpável e não ter em si mesmo? Prefiro assim agora, Deus não leva e culpa, e nem o crédito. Porque da última vez que eu lhe dei crédito, em relação a uma conquista amorosa, eu me ferrei, não era nada daquilo, o lance era todo errado, não era "um presente" de Deus, como eu achei. Daí eu me dei conta do quanto Deus pode ser mocinho, vilão ou pior ainda, simplesmente não estar nem aí. E concluí que um ser de tamanha sabedoria e poder não se esquivaria de sua responsabilidade com o que ele supostamente criou.
Oi, Lunatidoido!
Desculpa seu amigo aqui, mas eu não entendi bem sua colocação sobre minha contradição.
De qualquer forma, quando falei de minhas encarnações futuras foi para expressar a realidade de que conhecer Deus é trabalho para várias vidas e não uma recompensa por viver essa vida dentro de certos mandamentos de algum livro ou grupo.
Ao contrário do que possa parecer, Deus é um tema importante pra mim daí a necessidade que surgiu de encontrar Deus literalmente e não chamar de "encontrar Deus" o fato de participar de algum grupo religioso ou mesmo algum sentimento, por mais intenso que seja, em relação a Deus.
Nem mesmo vislumbrar imagens de Deus no Plano Astral ou em alguma região quando se está fora do corpo físico, pode ser chamada de uma experiência genuína de Deus.
Pra mim, a verdadeira religião ou espiritualidade inclui somente a Deus, sem interesse pra se obter vantagens.
Quando a gente espera alguma coisa de Deus - seja sexo/romance ou dinheiro ou mesmo saúde - a gente já entra na esfera do Ocultismo, isto é, a gente manipula forças das regiões ocultas da natureza se utilizando de seres que a gente inadvertidamente chama de Deus ou Jesus ou Krishna. Chamar algo de Deus, Jesus ou Krishna não garante que esse algo seja Deus, Jesus ou Krishna.
A vida é feita de causa e consequência e não de presentes de Deus ou de quem quer que seja, fico feliz que sua experiência tenha mostrado isso pra você. Swami Vivekananda disse que a verdadeira fé em Deus é a fé em si mesmo.
Um abração.
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