sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A Verdadeira Palavra de Deus

Texto de Swami Vivekananda.
Em 17 de novembro de 1896.

COMO SERES manifestados, parecemos estar separados, mas nossa realidade é uma, e quanto menos nos achamos separados do Um, melhor para nós. Quanto mais pensamos de nós próprios como separados do TODO, mais miseráveis nos tornamos.

Desse princípio monístico chegamos à base da ética. E me arrisco a dizer que não podemos alcançar qualquer ética por nenhuma outra fonte.

Sabemos que a ideia de ética mais antiga é a vontade de algum ser ou seres em particular, mas poucos estão prontos para aceitar essa ideia agora, porque essa seria somente uma generalização parcial.

Tá na Bíblia!

Os hindus dizem que devemos fazer isso ou aquilo porque está nos Vedas, mas o cristão não vai obedecer à autoridade dos Vedas.

Os cristãos dizem que  devemos fazer isso ou aquilo porque está na Bíblia. Isso não terá efeito naqueles que não acreditam na Bíblia.

Devemos ter uma teoria que é grande o bastante para incluir todos esses terrenos variados.

Mentes Brilhantes

Assim como há milhões de pessoas que estão prontas pra acreditar em um Criador Pessoal, também existem milhares das mentes mais brilhantes nesse mundo que sentem que tais ideias não são suficientes para elas, e querem algo mais elevado, e onde quer que as religiões não sejam abrangentes o suficiente para incluírem essas mentes, o resultado será que as mentes mais brilhantes da sociedade estarão sempre fora da religião; e isso nunca foi tão marcante quanto na presente época, especialmente na Europa.

Para incluir essas mentes, portanto, a religião deve se tornar abrangente o suficiente. Tudo o que ela alega deve ser julgada pelo ponto de vista da razão.

Por que as religiões devem alegar que não estão obrigadas a respeitar o ponto de vista da razão? Ninguém sabe.

Se não se tomar o padrão da razão, não pode haver nenhum julgamento verdadeiro, mesmo no caso das religiões.

Morte aos pagãos!

Uma religião pode ordenar algo terrível. Por exemplo, a religião dos muçulmanos permite que os muçulmanos matem todos aqueles que não são de sua religião. Está claramente declarado no alcorão:  “matem os infiéis se eles não se tornarem muçulmanos”, eles devem ser mortos a fogo e a espada. Mas se dissermos a um muçulmano que isso é errado, ele vai perguntar, naturalmente:

- Como você sabe disso? Como você sabe o que não é bom? Meu livro diz que é.

Se você disser que seu livro é mais velho, aí virá um budista e dirá que seu livro é mais velho ainda. Então virá um hindu, e dirá que seu livro é ainda mais velho.

Por isso, tomar um livro como referência não funciona. Onde está o padrão pelo qual nós podemos nos basear?

Você vai dizer, olha o Sermão da Montanha, e o muçulmano vai responder, olha a ética do Alcorão. O muçulmano diria: quem é o melhor árbitro para decidir qual é o melhor dos dois? Nem o Novo Testamento nem o Alcorão podem ser o árbitro para se saber qual é o melhor dos dois.

A Palavra de Deus

Tem que haver alguma autoridade independente, e que não pode ser livro algum, mas algo que seja universal; e o que há de mais universal do que a razão?

Tem sido dito que a razão não é forte o suficiente, que nem sempre nos ajuda a chegar à verdade; muitas vezes comete erros e, por isso, a conclusão é que nós devemos acreditar na autoridade de uma igreja!

Isso me foi dito por um católico romano, mas não consigo ver a lógica nessa afirmação.

Por outro lado, eu diria: se a razão é tão fraca, um corpo de sacerdotes seria mais fraco ainda, eu não aceitaria seu veredito, mas ficaria com a minha razão, porque com toda a sua fraqueza, existe alguma chance de alcançar a verdade através dela; enquanto, por outros meios, não existe esperança alguma.

Devemos, portanto, seguir a razão e também simpatizar com aqueles que não chegaram a qualquer tipo de crença, seguindo a razão. Pois, é melhor que a humanidade se torne ateísta por seguir a razão do que acreditar cegamente em milhões de deuses [e religiões] com autoridade sobre as pessoas.





0 comentários.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...