Texto de Dudu Lopes.
O SIGNIFICADO MAIS comum de poder é fazer o que se quer. Na vida vertical (espiritual e oculta), poder significa ter condições de fazer o que é necessário e não o que se quer.
O complicado nisso tudo é que sempre quando a gente houve esse tipo de afirmação, a gente tende a interpretar que se deve anular o que se quer para viver somente pelo necessário.
Nada mais longe da verdade. O que se quer é muito importante, tão importante quanto o necessário, não se deve anular a vontade por conta da necessidade.
O que acontece é que a necessidade está no meio do caminho e a vontade está no final. Normalmente, a gente põe o que se quer não só como objetivo mas também como o processo pra se chegar ao que se quer. Aí é que nasce o conflito.
Eu quero dinheiro. Mas quando se quer dinheiro se quer dinheiro pra gastar ou pra acumular, quando se pensa “eu quero dinheiro” se pensa somente no ter dinheiro e muito raramente no processo para ganhar dinheiro. O poder de querer dinheiro é diferente do processo de ganhar dinheiro, e muitas vezes o processo de ganhar dinheiro passa longe do que se quer, mas sempre passa pelo que precisa ser feito.
É fácil entender isso quando a gente pensa no sujeito que trabalha no que não gosta pra ganhar seu dinheiro. Mas é muito mais difícil entender quando a gente precisa tomar alguma posição pessoal que contradiz com nossos hábitos e crenças, como mudar para uma casa menor ou trocar o carro para um mais modesto.
Lourenço Prado fez um livro de muito sucesso, que praticamente agrada a todo mundo, porque ele põe em suas técnicas um peso enorme no querer, o necessário fica levemente mencionado, porque o necessário é cansativo quando a gente está mal, numa crise, e é um livro para crises. Ninguém gosta de ouvir que, além de estar sem dinheiro, vai ter que renunciar a vontade pra resolver o problema. Ninguém gosta, nem eu.
Se privar do que se quer num momento em que estamos numa crise perdendo muito (dinheiro ou qualquer outra coisa) é doloroso, e causa uma perda de energia e saúde enormes. Quanto mais diferente o necessário é do que se quer mais somos drenados, e se estamos sendo drenados numa crise, a perda pode ser enorme a ponto de nos adoecer ou falir interna e externamente.
Aceitação
Na vida vertical, poder não significa ter poder para fazer o que se quer, mas sim ter poder para se fazer o que é necessário para se alcançar o que se quer. Poder é a capacidade de se fazer o necessário sem perder o que se quer, qualquer coisa diferente disso não é poder é aceitação, que tem também o seu valor quando não há poder o suficiente para se fazer o necessário para alcançar o que se quer.
E, quando não se tem poder o suficiente, é importante utilizar a aceitação das circunstâncias para se conseguir tempo para se alcançar o poder.
A aceitação é muito mais fácil quando a gente sabe que a está utilizando para eventualmente recobrar o poder de fazer o que é necessário e daí chegar ao que se quer. Pode ser uma questão de dias ou anos, então, sem aceitação a coisa fica difícil de levar.
Porém, com aceitação passiva nosso organismo pode se rebelar e nos querer tirar da raia através de uma doença grave ou sentimentos autodestrutivos. Na aceitação ativa, aquela que aceita enquanto recobra o poder, nosso organismo nos incita a sobreviver e crescer.
A Equação do Poder
Poder é igual a energia mais conhecimento. Qualquer tipo de poder é igual a energia mais conhecimento. É necessário saber o que fazer e ter energia pra isso.
A maioria das pessoas, as mais cerebrais principalmente, acha que saber fazer é o mesmo que poder fazer. Dizem que estamos na Era da Comunicação, mas estamos mesmo é na Era do Blá-blá-blá.
Muito se fala e pouco se faz porque muitos falam mas poucos tem poder pra fazer. E aí se modifica as ideias ou se ignora convenientemente as verdadeiras causas. Na Internet, na TV, nos bares, nas salas de casa, todos criticam os políticos, mas num país onde há eleições diretas como o Brasil, só há maus políticos porque há maus eleitores.
Mas na Era do Blá-blá-blá não se pode falar essas coisas porque é antipático falar do povo. E o povo se ofende, com toda a razão porque o povo não está interessado em poder e sim em outra coisa. Se o povo estivesse interessado em poder ele adoraria ouvir críticas contra si mesmo, porque as corrigiria e a cada eleição teria mais poder sobre os políticos.
Qualquer um que queira ser um ocultista deve querer deixar de ser povo. E ficar muito contente com as críticas que recebe, descartar aquelas que são apenas tentativas de manipulação de quem critica, e acolher as que podem levar a um aprimoramento pessoal.
Porque um ocultista ou espiritualista, ou qualquer um que esteja interessado em poder, tem fome de conhecimento e crítica é uma ferramenta de conhecimento. Todos se incomodam com o chato que nos critica todo o tempo, mas quem não critica nunca não é um chato, é um perverso, coisa muito pior. Não deveria haver excessos na crítica, e nem ausência.
Energia
Todas as pessoas com quem trabalhei dando conselhos ou aulas de ocultismo, todas tinham a noção errada de que estar com energia é o mesmo que estar com disposição; e outras tantas também tinham a noção que ter energia é estar com boa aparência ou alegre o tempo todo.
O contrário de alegria pode ser tristeza, que na maioria das vezes não é uma coisa boa. Mas as opções à alegria podem ser tranquilidade, bem-estar, atenção, afeição amorosa, contemplação, um estado pensativo... já ouvi tantas vezes que, por estar num estado pensativo, as pessoas interpretam isso como tristeza.
Muita gente ativa, que vive correndo atrás, sempre com disposição pra tudo, pode estar com energia no centro (corpo e mente) mas não nas áreas da vida (proteção contra violência, capacidade de reconhecer o que é certo ou errado, vida amorosa ou financeira, etc.). Segundo a minha experiência, esse tipo de pessoa que vive correndo atrás tem uma facilidade muito grande de tirar energia das áreas da vida e jogar no centro, e frequentemente a gente vê claramente em alguma outra área de sua vida uma deficiência anormal.
O mesmo pode ser dito para aqueles que têm muita disposição para exercícios físicos.
Só estamos com energia quando temos poder. Uma pessoa com uma doença grave que consegue lidar com a agressão que sofre pela doença de forma corajosa e produtiva tem muito mais energia do que um atleta destemperado que está sempre bem disposto para agredir alguém; o primeiro é poderoso o segundo é intempestuoso.
As pessoas confundem muito demonstrações de poder com poder. Diz-se até que uma pessoa tem personalidade forte quando na verdade é uma pessoa que compensa a falta de energia com um comportamento grosseiro. Onde há grosseria, não há poder, há medo. Onde há uma personalidade saudável e equilibrada encontramos energia.
Qualquer tipo de vício também é sinal de falta de energia.
Estamos com energia quando estamos com uma personalidade saudável e equilíbrio nas áreas da vida e no centro.
Algumas áreas podem estar melhores do que outras, algumas podem estar muito ruins e outras muito boas. E não se deve viver das boas e esquecer as ruins, mas se deve procurar sempre manter a qualidade das boas enquanto se conserta as ruins.
Conhecimento
Poder não se alcança só com energia. Conhecimento é importante. E a principal fonte de conhecimento é a autocrítica ou, melhor dizendo, o estudo de si mesmo.
Tudo o que se lê só é importante quando nos ajuda na autocrítica, tudo o que se estuda só é importante quando nos fornece conhecimento para fazer crescer as diversas áreas da vida, palestras e workshops vão por aí também.
Muita gente que entra por esse caminho do ocultismo acha que conhecimento é ficar decorando palavras novas e ficar recitando isso em frases para amigos e parentes: “o tetragamaton, no tantra e nas psicotransterapêuticas, dos pentagramas na awotelê de Santiago de La Espanha, é universal”. Não é mais fácil dizer que o nome de Deus, no estudo das energias pessoais tanto quanto nas várias terapias psicológicas, desenhada em diagramas nas roupas de baixo de um santo espanhol, é universal? Não é tão exato, mas é inteligível, e quem quiser se aprofundar, que aprenda as palavras e os detalhes de seus significados. Claro, se essa bobagem que eu escrevi tivesse algum significado.
Saber as coisas não é a mesma coisa que saber o nome das coisas. E apesar da cultura ocultista e exotérica dar muita importância as palavras que dão nome às coisas, no ocultismo, o verdadeiro nome das coisas é o que ela é e não a palavra que a indica. Se você não sabe por experiência o que é tal coisa você não sabe nada sobre aquilo mesmo que saiba seu nome.
- Minha terapeuta disse que eu sou borderline.
Bonito. Então, você tá bem maluco e sua mente tá um caos.
- Minha terapeuta disse que eu sou bipolar.
Bacana. Então, você é um descontrolado que fica excessivo numa hora e carente em outra, em relação a tudo e a todos.
No conhecimento é importante conhecer o que existe e não os nomes que existem.
E para se ter poder é necessário saber utilizar bem a energia existente junto com o conhecimento existente. Favorecer um ou outro não trará poder como resultado.
1 comentários.
Dudu,
adorei este texto! Mto esclarecedor e me fez ver mta coisa a meu respeito (infelizmente não mto agradáveis ...rsrs)
Vou adicionar vc a meus favoritos!
abs,
Patricia
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