domingo, 28 de julho de 2013

Cristo, o Mensageiro–Parte I

Texto de Swami Vivekananda.
Em 1900.

Swami-Vivekananda.jpg

A ONDA SE LEVANTA no oceano, e surge uma depressão. Novamente outra onda se levanta, talvez maior do que a anterior, para descer de novo, de forma semelhante, para de novo subir – e assim por diante.

Na marcha dos acontecimentos, observamos ascensão e queda, e nós geralmente olhamos para a ascensão, esquecendo-nos da queda. Mas ambos são necessários, e ambos são importantes.

Esta é a natureza do universo. Seja no mundo dos nossos pensamentos, no mundo das nossas relações sociais, ou em nossos assuntos espirituais, o mesmo movimento sucessivo, de subidas e descidas, está acontecendo.

Assim, os ideais liberais são dirigidos adiante, para afundar-se, para digerir, por assim dizer, para ruminar o passado - para ajustar, conservar e reunir forças mais uma vez para uma subida e uma subida maior.

Jesus e Sua Época

A história das nações também já foi assim.

A grande alma, o Mensageiro que estamos a estudar esta tarde, surgiu em um período da história de sua raça que bem podemos designar como uma grande queda.

Nós pegamos somente um pouco aqui e ali dos registros dispersos que foram mantidos de seus ditos e feitos; pois na verdade, foi bem dito, que os ditos e feitos daquela grande alma iriam encher o mundo se tivessem todos sido escritos.

E os três anos do seu ministério foram como uma era compactada, concentrada, que tem levado 1900 anos para se desenrolar, e quem sabe por quanto tempo ainda vai demorar!

Homenzinhos como você e eu somos simplesmente os recipientes de um pouco de energia. Alguns minutos, algumas horas, alguns anos na melhor das hipóteses, são suficientes para gastar tudo, para esticá-la, por assim dizer, em sua força máxima, e então nos vamos para sempre.

Jesus e Sua Raça

Mas perceba este gigante que surgiu; séculos e eras passam, mas a energia que ele deixou sobre o mundo ainda não está esticada, nem ainda gasta por completo. Ela continua adicionando um novo vigor à medida que as eras passam.

Agora, o que você vê na vida de Cristo é a vida de todo o passado. A vida de cada homem é, de certo modo, a vida do passado. Ela vem para ele através da hereditariedade, por meio de um ambiente, através da educação, através de sua própria reencarnação - o passado da raça. De certa forma, o passado da terra, o passado de todo o mundo está lá, em toda alma.

O que somos nós, no presente, se não uma consequência, um efeito, nas mãos daquele passado infinito?

O que somos nós, se não pequenas ondas flutuantes na eterna corrente dos acontecimentos, irresistivelmente movidos para frente e avante e incapazes de descanso?

Mas você e eu somos apenas pequenas coisas, bolhas.

Há sempre algumas ondas gigantes no mar dos acontecimentos, e em ti e em mim a vida da raça passada foi incorporada apenas um pouco; mas há gigantes que encarnam, por assim dizer, a quase totalidade do passado e que estendem suas mãos para o futuro.

Estes são os postos de sinalização que aqui e ali apontam a marcha da humanidade; estes são, na verdade, gigantescos, suas sombras cobrem a terra - eles permanecem imortais, eternos!

Alcançando o Inalcançável

Como já foi dito pelo mesmo Mensageiro, "Ninguém jamais viu a Deus, se não por meio do Filho".

E isso é verdade. E onde veremos a Deus, se não no Filho?

É verdade que você e eu, e os mais pobres de nós, o pior mesmo, encarna este Deus, e mesmo reflete este Deus. A vibração da luz está em toda parte, onipresente; mas temos que acender a luz da lâmpada, antes de podermos ver a luz.

O Deus Onipresente do universo não pode ser visto até que Ele seja refletido por essas lâmpadas gigantes da terra - os Profetas, os homens-Deuses, as Encarnações, as personificações de Deus.

Todos nós sabemos que Deus existe, e ainda assim não O vemos, nós não O entendemos. Pegue um desses grandes Mensageiros da Luz, compare seu caráter com o maior ideal de Deus que você já conseguiu formar, e você vai descobrir que o seu Deus está aquém do ideal, e que o caráter do Profeta excede suas concepções.

O Ideal Mais Elevado Personificado

Você não pode sequer formar um ideal mais elevado de Deus do que aquele que o encarnou realmente realizou na prática e colocou diante de nós como um exemplo.

É errado, portanto, adorá-los como Deus?

É um pecado cair aos pés desses homens-Deuses e adorá-los como os únicos seres divinos no mundo? Se eles estão realmente, na verdade, acima de todas as nossas concepções de Deus, que mal há em adorá-los?

Não só não existe nenhum dano, mas é a única forma possível e positiva de adoração. Por mais que você tente lutar, por abstração, por qualquer método que você goste, desde que você é um homem do mundo dos homens, o seu mundo é humano, a sua religião é humana, e seu Deus é humano.

E isto deve ser assim.

Quem não é prático o suficiente para assumir uma coisa que realmente existe e desistir de uma ideia que é apenas uma abstração, que ele não pode compreender, e é difícil de se aproximar exceto através de um meio concreto?

Portanto, essas Encarnações de Deus têm sido adoradas em todas as épocas e em todos os países.





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