quarta-feira, 6 de maio de 2020

O Lado Oculto de uma Pandemia

Texto de Mirra Alfassa - "A Mãe"
em 22 de julho de 1953.
Do Livro "The Mother's Vision"
Mirra-Alfassa-A-Mae.jpg
COM A MANIFESTAÇÃO da pandemia da gripe chinesa (também conhecida como COVID-19), causada por um coronavírus, nada mais oportuno do que a descrição de Mirra Alfassa, discípula de Sri Aurobindo, sobre a gripe espanhola, que ocorreu no fim da I Guerra Mundial.

Uma Epidemia de Gripe


Eu estava no Japão no começo de janeiro de 1919. No tempo de uma gripe que se espalhou por todo o Japão, e matou centenas de milhares de pessoas. Foi uma daquelas epidemias que raramente são vistas.

A Doença


Em Tóquio, todo dia havia centenas e centenas de casos novos. A doença parecia tomar esse rumo: durava três dias, e no terceiro dia o paciente morria. E as pessoas morriam em tão grande número que elas não podiam ser cremadas, era impossível, haviam muitos mortos.

Por outro lado, se a pessoa não morresse no terceiro dia, no final de 7 dias ela ficava curada completamente, um pouco exausta, mas completamente curada ainda assim.

Efeitos na Sociedade


Havia pânico na cidade, pois epidemias eram muito raras no Japão. Eles são pessoas muito limpas, muito cuidadosas e com uma tine morale. Doenças eram muito raras. Mas ainda assim essa veio e veio como uma catástrofe.

Havia um medo terrível. Por exemplo, pessoas caminhavam nas ruas com uma máscara no nariz, a máscara era para purificar o ar que elas estavam respirando, para que não ficasse cheio de micróbios da doença. Era um medo comum...

Sofrendo a Doença


Eu morava com uma pessoa que nunca parava de me perturbar:

— O que é essa doença? O que existe por trás dessa doença?

O que eu estava fazendo era simplesmente me cobrir com minha força, minha proteção para que eu não pegasse a doença, e não pensava muito nisso e continuava fazendo meu trabalho. Nada aconteceu e eu não estava pensando muito nisso. Mas constantemente eu ouvia:

— O que é isso? Eu gostaria de saber o que está por trás dessa doença? Mas você não pode me dizer o que é essa doença, por que ela existe? — e etc.

Um dia fui chamada para o outro lado da cidade por uma jovem que eu conhecia, que desejava me apresentar para alguns amigos e me mostrar certas coisas, e eu tive que cruzar toda a cidade em um bonde. Eu estava no bonde e vendo essas pessoas com máscaras em seus narizes, e na época havia uma atmosfera de medo constante, então veio uma sugestão até mim, e eu comecei a me perguntar:

— Sério, o que é essa doença? O que há por trás dessa doença? Quais as forças que estão nessa doença?...

Eu cheguei na casa, passei uma hora lá e voltei. E voltei com uma febre terrível, eu tinha pegado a doença. Ela chega até você dessa forma: sem preparação, instantaneamente.

Doenças, geralmente doenças de germes e micróbios levam alguns dias no sistema; elas vêm, há uma pequena batalha interna, você vence ou você perde; se você perde, você pega a doença — não é complicado.

Mas essa, você apenas recebe uma carta, por assim dizer, abre o envelope e... PUFF! No momento seguinte você estava com febre. E naquela tarde eu tive uma febre terrível.

O médico foi chamado (não fui eu quem o chamou), e ele me disse:

— Eu realmente preciso lhe dar esse remédio.

Era o melhor remédio para febre e ele tinha um pouco, todo o estoque havia se esgotado, todo mundo estava tomando. Ele disse:

— Eu ainda tenho algumas caixas, vou lhe dar algumas.

— Eu imploro: não me dê nenhuma, eu não vou tomar. Guarde para alguém que tenha fé no remédio e queira tomá-lo.

Ele ficou indignado:

— Então não adiantou nada eu vir aqui.

Então eu disse:

— Talvez não.

Por Trás da Doença


Eu permaneci em minha cama, com minha febre, uma febre violenta. Todo tempo eu me perguntava:

— O que é essa doença? Porque ela está aí? O que está por trás dela?

E, no final do segundo dia, eu estava deitada completamente sozinha, eu vi claramente um ser, com parte de sua cabeça cortada, em um uniforme militar (ou o que sobrava de um uniforme militar) se aproximando de mim e, de repente, lançando sobre o meu peito a sua metade de cabeça para sugar minha força.

Eu dei uma boa olhada, então percebi que eu estava prestes a morrer. Ele estava sugando toda a minha vida (pois eu devo dizer para você que pessoas estavam morrendo de pneumonia em três dias).

Eu estava completamente presa na cama, sem movimento, em um transe profundo. Eu não podia mais me mexer e ele estava puxando. Eu pensei: agora é o fim. Então eu chamei o meu poder oculto, entrei numa briga feia e eu tive sucesso em expulsá-lo de forma que não ficasse ali por mais tempo.

E eu acordei.

O Aprendizado


Mas eu vi. E eu aprendi, e entendi que a doença era originária de seres que tinham sido arrancados de seus corpos. Eu tinha visto isso durante a primeira grande guerra, no finalzinho, quando as pessoas costumavam viver em trincheiras e eram mortas em bombardeios.

Elas estavam em perfeita saúde, completamente saudáveis e em um segundo elas eram arrancadas de seus corpos, sem consciência de que estavam mortas. Elas não sabiam que não tinham mais corpo, e tentavam encontrar nas outras pessoas a vida que não conseguiam encontrar em si mesmas.

Isto é, eles haviam se tornado em uma multidão de vampiros. E eles vampirizavam o homem.

E, além disso, havia a decomposição de forças vitais de pessoas que adoeciam e morriam. O ser vivia numa espécie de nuvem pegajosa e grossa feita de tudo isso. E, assim, as pessoas que entravam nessa nuvem caíam doente e geralmente eram curadas, mas aquelas que eram atacadas por aquele tipo de ser invariavelmente morriam, as pessoas não podiam resistir.

Eu sei que muito conhecimento e força foram necessários para eu resistir. Era irresistível. Isto é, se pessoas fossem atacadas por um ser que era o centro desse turbilhão de forças ruins, elas morriam. E havia muitos seres, um grande número.

Eu vi tudo isso e entendi.


domingo, 14 de maio de 2017

Política e Espiritualidade

Texto de SWAMI TILAK em 1984.

NECESSITAMOS de uma revolução no mundo. Há pessoas que falam sobre revolução, mas esta revolução se refere somente às coisas materiais.

Eu pessoalmente creio em ou­tro tipo de revolução — a Revolução Espiritual. Esta revolução somente é possível quando nós mudamos por completo nosso pensamento.

Falta o equilíbrio em todos os campos da vida. Por isto o homem está muito agitado. A agitação humana é uma característica em cada pessoa. Cada pessoa está terrivelmente desequilibrada.

Mais Leis

E todos pensam que a solução deste problema é fazer cada vez mais e mais leis, e nenhuma pessoa está disposta a seguir as leis.

E, aquele que promulga as leis, certamente viola as leis. Formam-se as leis somente para os outros, não para si mesmo. É um grande problema! “Todos os outros têm que se­guir as leis, exceto eu”.

Mais Governo

Eu posso falar em qualquer parte do mundo sobre a ordem, ou sobre o que poderia fazer um Governo. O Governo nada pode fazer. O Governo pode governar umas pessoas, mas quando todo o povo está contra a ordem, qual o Governo que pode Governar assim? O Governo reflete somente a de­terminação do povo.

Então o homem tem que governar a si mesmo primeiro.

Nas situações anormais, podemos usar a força exterior; mas, quando sempre usamos a força exterior, isto significa que a ordem não pode continuar vitoriosa por muito tempo. Não pode. É verdade.  

Mais Esquerda ou Mais direita

Assim também, quando sentimos uma grande inquie­tude em todas as partes, já não é mais problema com um determinado tipo de sistema. Não é mais este ou aquele sistema. 

Geralmente quando sentimos esta grande inquie­tude em todas as partes do mundo, temos de entrar na consciência própria do homem. 

Temos que fazê-lo.

O ho­mem tem que pensar apropriadamente, profundamente. Não podemos dizer que o problema é de um brasileiro, ou de um indiano, ou de um desenvolvido alemão.

O problema neste momento é humano!

Mais Capitalismo ou Mais Comunismo

Felizmente eu tenho visitado quase todo o mundo. Os países capitalistas, os comunistas, os países do terceiro mun­do, e até do quarto mundo. Temos mundos e mundos.

E qualquer tipo de mundo trata de provar que é melhor que os outros, mas em todos existe o mesmo problema.

E formam-se muitos partidos no mundo, em todas as par­tes. Este partido, aquele e mais partidos.

E vocês sabem bem que nenhum partido pode resolver os problemas, por­que todos os partidos têm os mesmos problemas.

Antes de estar no Governo dizem uma coisa e depois de estar no Governo têm os mesmos problemas! Então não podemos culpar os partidos, não podemos culpar o Governo, não podemos culpar o sistema.

Mais Humanidade

O problema existe na consciência do próprio homem! Enquanto o homem não mudar a si mesmo, os sistemas não podem fazer nada.

O homem tem que revolucionar-se inter­namente.

E esta revolução está relacionada com o conheci­mento espiritual, porque eu não sou escravo de nenhum sis­tema!

Eu tenho que formar a mim mesmo, eu não quero disciplinar-me para satisfazer este ou aquele sistema.

Fonte: Jnana Mandiram.



domingo, 19 de abril de 2015

Magia Negra e Inocência

Texto de LUIZ DA ROCHA LIMA
No livro “Luta Contra a Bruxaria”.

Luiz da Rocha Lima - clique para o site do autor

DEVEMOS DESARRAIGAR de nossas mentes a ideia de que o mago negro não pode prejudicar a nós outros, porque seguimos a senda reta ou porque é vil ou perverso.

É uma ideia equivocada difundida para evitar que o homem se fortaleça e propagada pelos seguidores do caminho negro.

É tão insensato quanto imaginar que, se um boxeador profissional estivesse boxeando com um menino, este ganha­ria, porque sua alma é pura.

Milhares de pessoas carecem de suficiente ambição para desenvolver a força necessária.

Pureza Impura

Vivem honestamente como bons cristãos, mas são tão fragilmente puros que se tornam alvo fácil para qualquer um aproveitar a oportunidade. Não são negros em si mesmos, porém são do tipo que facilita a perpetuação da magia negra.

É inegável que, em última instância, o Bem triunfará e que o mago negro terá de cair vítima de seus próprios excessos; é também uma verdade literal, porém, que muitos terão de agachar a cabeça ao passo do tirano, e só os fortes estarão seguros.

A geração atual de gente boa, em média, carece em absoluto de possibilida­des para resistir aos embates da magia negra. Somente os insensatos subestimam este perigo. É o Carma que age sobre as criaturas invigilantes; daí ela ser cognominada de Magia de Redenção pelos espíritos de Luz.

Ignorância não é Defesa

Chegamos a um ponto em que a ignorância é um crime e merece mais sério castigo. A ignorância não é a magia negra, porém constitui atualmente o maior aliado do mago negro.

Os que não conhecem algo melhor estão constantemente entorpecendo o trabalho dos demais, e esse é o fruto da indolência.

Quando intentamos violar as leis divinas, quebrantamos nosso corpo e tornamos negativa a nossa consciência, abrindo aqueles centros de nosso Ser que nos expõem a ser influenciados e às vezes obsidiados pelas forças negras.

Isto constitui um crime quase tão grande quanto o de exercer a magia negra.

O homem deve compreender que não é possível nenhum compromisso ou pactos entre o Mal e o Bem; ou está de um lado, ou do outro e, quando lhe aparece a dúvida, esta é um atributo de Satã.

Encaremos este problema imparcialmente, nem com temor e nem com de­masiada confiança.

Com humildade e contrição reconheçamos que o trabalho permanente que as forças trevosas realizam no mundo é muito real!

Cientes deste fato bem grave, embandeiremo-nos e unamo-nos aos irmãos de Luz que também porfiam incessantemente neste prélio em prol das almas hu­manas.



domingo, 5 de abril de 2015

A Vida no Relativo e no Absoluto

Texto de SWAMI TILAK.

A atividade é a vida, mas a tranquilidade é a finalidade da vida.
Swami Tilak.

RESPEITÁVEIS MÃES e irmãos, boa noite. Este é o segundo dia em que estamos aqui com vocês. [*]

[*] Esta foi a segunda conferência proferida por Swami Tilak no auditório do Ministério das Minas e Energia, em Brasília, no dia 20 de outubro de 1973.

Quando eu encontrei meu mestre, meu guru, ele me perguntou:

– Qual a finalidade de tua vida?

Eu respondi:

– Gurudeva, eu quero servir a toda a humanidade.

Primeiro, Eu

Naquele momento ele riu e disse:

– Quem pode servir a toda a humanidade? – e depois contou uma história. - Havia um discípulo e um dia seu mestre lhe perguntou:

“– O que você quer fazer?

“– Eu quero cobrir toda a terra com peles, porque na terra existem muitos espinhos que machucam as pessoas ­respondeu o discípulo.

"“– Onde podes conseguir tantas peles? Como é possível? E também não podes conseguir peles sem matar as criaturas. E, depois, quando toda a terra estiver coberta com peles, não restará lugar algum para crescer nada. Então todas as pessoas irão morrer sem comida.”

Então eu perguntei:

– Gurudeva, que posso fazer?

E ele respondeu:

– Você tem que calçar sapatos, nada mais, e depois não ter nenhuma perturbação, nenhum medo dos espinhos.

Em suma, as palavras do meu mestre indicavam que a pessoa tem que obter sabedoria para eliminar todos os problemas que existem em sua vida. Aquele que não pode resolver seus problemas, não pode ajudar ninguém no mundo.



segunda-feira, 23 de março de 2015

Para Que Sofro?

Texto de Huberto Rohden.

A SAÚDE É natural, a moléstia é desnatural.

Ninguém procura explicar o que é natural, todos querem explicar o que é desnatural.

Por que é que sofro isto ou aquilo? O primeiro pensamento é o de um castigo infligido por algum ser invisível, algum Deus vingador. Castigo por quê? Por mal cometido, algum pecado.

Mas, se eu não tenho consciência de pecado algum, como dizia Jó,  meu pecado deve ter sido cometido, então, numa existência anterior cuja memória não persiste na minha encarnação atual.

Por que sofro?

Mas, o que mais importa não é saber por que sofro, mas sim para quê.

A causa do meu sofrimento é misteriosa, mas a finalidade do meu sofrimento é clara. Sofro para evolver, ou para me libertar de alguma impureza. Se criei a causa, posso também aboli-la.

Se o homem, quer desta quer daquela filosofia, conseguisse ascender a regiões superiores, ultrapassando a zona da matéria e invadindo os domínios do espírito, desapareceria todo o problema e toda a problemática do sofrimento – porque desapareceria o próprio sofrimento compulsório.

Assim como a pecabilidade gerou a passibilidade, do mesmo modo a impecabilidade produz necessariamente a impassibilidade. O erro na zona espiritual se chama pecado, o erro na zona material se chama sofrimento. Sendo aquele a causa deste, é lógico que o efeito (sofrimento, passibilidade) não pode ser definitivamente abolido sem a abolição da causa (pecado, pecabilidade).

Apenas em caráter transitório, intermitente, esporádico, é o sofrimento abolido no plano do pecado; mas, para a abolição permanente, radical e definitiva do sofrimento, requer-se a destruição radical e permanente do pecado e da própria pecabilidade.

Inteligência e Razão

Com o despontar da inteligência começou o mundo a pecabilidade, que, não raro, acaba em pecado. “Espinhos e abrolhos”, “trabalhos no suor do seu rosto”, “parto por entre dores” são as consequências da intelectualização do homem, da mulher, porque a zona do intelecto é a zona da pecabilidade.

Onde não há intelecto não há o “conhecimento do bem e do mal”, não há oscilação entre a luz e as trevas, entre o positivo e o negativo. Quando o homem comeu “do fruto da árvore do conhecimento”, quando o homem sensitivo do Éden se tornou o homem intelectivo da serpente, entrou ele na zona da pecabilidade, e pecabilidade quer dizer passibilidade compulsória.

Para se libertar do sofrimento é necessário que o homem se liberte da pecabilidade e do pecado. De que modo? Perdendo a inteligência, essa gloriosa conquista da humanidade post-edênica? Não pela perda desse dom divino, mas pela integração da inteligência na razão, isto é, no espírito.

Que poder é esse que nascerá das profundezas da própria natureza humana e sujeitará a seu domínio a própria inteligência? É o poder da Razão, do Espírito divino latente no homem.

Um dia, esse espírito acordará – e já acordou plenamente, pelo menos num representante da humanidade, no “filho do homem”, no homem por excelência.

Que é que fará acordar no homem pecador e sofredor de hoje esse espírito divino, a Razão, o eterno Lógos, seu verdadeiro Eu divino? A oração, a frequente e intensa submersão no oceano da divindade, a comunhão com Deus, o permanente “andar na presença de Deus”.



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