quinta-feira, 4 de outubro de 2007

São Francisco de Assis

Texto de Dudu Lopes.

NA PRIMEIRA VIDA PASSADA de que me lembrei eu me vi com 16 anos de idade, muito grande, muito forte, truculento e violento, e com um sério retardamento mental. Para sobreviver capturava pássaros selvagens na mata e os vendia.

Um dia, enquanto tirava um pássaro da armadilha um sujeito passa por mim e diz:

- Você não deve prender os pássaros, deve soltá-los - e continuou seus passos lentos sem olhar para trás.

Essa observação normalmente teria me levado a espancar o sujeito, mas não senti nada de ruim por ele, até mesmo lamentei não ter puxado conversa já que passava os meus dias de forma solitária.

Mais tarde vim a saber que aquele sujeito era São Francisco de Assis, e por causa da fama do santo resolvi soltar todos os pássaros que encontrava engaiolados. Que em geral tinham dono e destino certo na mesa das famílias.

Com a confusão que se criou, a coisa não ficou boa pro meu lado; e um frade franciscano sabendo da história me mandou chamar e me fez morar com ele num lugar retirado, alegando que precisava de alguém para ajudá-lo. A vida do pobre não deve ter sido fácil por minha causa, mas eu gostava dele e vivemos juntos até o fim de sua vida e da minha, já que morri alguns dias depois da morte do frade.

Minha Vida Presente

Acredito que esse breve contato com São Francisco de Assis e ter vivido próximo a um frade franciscano me influenciou de forma intensa e desde que me entendo por gente tenho admiração pelo santo.

Primeiro por sua dedicação aos animais e mais tarde pelo seu poder sobre a miséria.

São Francisco de Assis venceu a miséria da falta de recursos materiais tanto quanto venceu a miséria humana que torna as pessoas revoltadas, maldosas e ignorantes.

A Relação Com São Francisco

Uma relação com São Francisco de Assis - seja através de livros, de filmes, ou mesmo fazendo um monólogo para o santo reclamando da vida - sempre traz o alívio da miséria.

Esse alívio pode vir mais tarde como uma idéia ou como oportunidade, mas a gente não associa uma coisa à outra porque não está habituada a acompanhar os processos que faz as coisas acontecerem na vida.

São Francisco sempre traz o alívio ao miserável, ao miserável sem dinheiro e ao miserável com dinheiro. Porque existem muitos miseráveis com dinheiro nesse mundo, pessoas que tem recursos na mão, mas não sabem como usá-los para crescer pessoalmente.

Muitas pessoas com dinheiro pensam que não estão na linha da miséria porque têm dígitos no saldo bancário, mas não têm uma boa personalidade, ou nem mesmo alguma personalidade; ou são intratáveis; ou inseguros ou se borram de medo da solidão, de doenças ou da morte; ou, o que é mais comum, são completamente dependentes do dinheiro para fazerem amigos e criarem e manterem o "afeto" das pessoas, da família, e ainda assim se dizem "independentes financeiramente".

Certa vez tive um cliente que estava sozinho há algum tempo, mais tarde soube que se casou com uma mulher que todos percebiam estar interessada em seu dinheiro e não nele.

Um sujeito desses é bem menos que um homem.

Conheci algumas pessoas com pouquíssimos recursos financeiros mas que eram amáveis por si mesmas, eram úteis ao mundo em sua simplicidade; mas não reconheciam a sua grandeza porque não tinham dinheiro nem para ter conta em banco. Outro tipo de miserável.

O Sucesso Cristão

Em um mundo onde se proliferam programas de TV de seitas cristãs associando sucesso ao luxo de carros, casas e empresas, é difícil conseguir conceber um cristão como o abastado Francisco de Assis que teve sucesso na vida por abandonar o luxo de carros, casas e empresas.

É claro que o seu exemplo a ser seguido por nós não é abandonar os bens materiais ou deixar de lutar por eles, mas é aprender a transformar dinheiro em qualidade interior, porque ter dinheiro e não ter qualidade interior é como ser bonito e viver longe das vistas das pessoas e dos artistas, vale muito pouco, quase nada.

O outro exemplo é para aqueles cujo karma não os levou ao progresso material: é possível ter qualidade interior mesmo que não se tenha carros, casas e empresas.

A qualidade interior, a qualidade da personalidade, a independência financeira para ser amado e admirado, depende de como se vive a vida e não o quanto se tem nela.

A História De São Francisco De Assis

O melhor filme sobre São Francisco de Assis, que retrata mais fielmente o santo que venceu a miséria, é "Francesco" com Mickey Rourke interpretando Francisco. Mas é muito difícil de encontrar.

Clique aqui e conheça a biografia de São Francisco de Assis.





4 comentários.

Christiano disse...

Oi Dudu, como está? tudo bem com você?
Estou aproveitando este seu post sobre Francisco de Assim, um personagem que admiro mto (e de quem andei pedindo ajuda nessas últimas semanas) para pedir sua ajuda em esclarecer alguns pontos sobre o lado oculto, post mortem, dos nossos irmãos animais. Pergunto isso devido à situação pela qual passei e, de certa forma, ainda estou passando que é o desencarne (se me permite o termo) de uma gatinha de 15 anos que eu cuidava (não vou dizer que "era minha" porque acho isso, literalmente, ridículo. Afinal, como posso ser dono de uma forma de vida?) ha oito anos. Sem querer parecer piegas (e, talvez sendo.kkkkk) o sentimento de amizade (sim, eu disse "Amizade", com "A" maiúsculo) que surgiu entre nós e ela e entre ela e nós (não vou me deter nas histórias e nem na percepção de todos da percepção, inteligência,...que ela demonstrava constantemente. iria alongar o texto que já está enorme) nos presenteou com tantas memórias extremamente felizes dos momentos juntos (todos diziam que ela era a "alma" da casa) e, também, é claro de um sofrimento "benigno" ao acompanharmos sua doença no sistema urinário (rins) que causou insuficiência cardíaca que resultou em seu desencarne a menos de 24 horas. Sem ser piegas ou emotivo, não vou negar o sofrimento de todos aqui nestes últimos dias em que seu estado se deteriorou a tal ponto que não conseguia caminhar (horas antes de desencarnar, nem caminhar conseguia). Seu desencarne, ontem, acabou gerando um misto de extrema tristeza pela perda da Amiga e Companheira, e também um alívio pelo fim do sofrimento, ligada que estava a um corpo físico em estado de quase total falência.
Gostaria que me falasse algo acerca do assunto sob a ótica do ocultismo: desencarne, reencarne, relação com os humanos, permanência nos outros planos (não físicos), etc.

Desde já deixo o meu obrigado, e, como já lhe disse antes,esperando sempre novos posts que mto tem me ajudado. Peço desculpas por um certo tom emotivo no texto, mas me parece mais saudável não esconder essa dor (que não é de desespero, mas uma saudade normal de alguém querido que vai se transformar em lembranças calorosas e agradecimentos ao envio desse pequeno "anjo" de 4 patas para nossa vida). Grande abraço para você e desculpe o texto mais longo do que os que originalmente mando.

Canto do Dudu - Dudu Lopes disse...

Oi, Cristiano!

Puxa, fico muito triste porque você perdeu sua menininha. É impossível não sofrer numa hora dessas.

Têm animais que fazem parte de uma alma-grupo, isto é, não são indivíduos ainda. E outros já são indivíduos. Mesmo sendo da mesma espécie e raça, um pode ser um indivíduo e outro não. Os animais individualizados até entendem o que a gente fala, só não dão muita importância porque seus valores como gatos e cachorros são diferentes dos valores de um ser humano (a gente só valoriza a higiene porque não pega as coisas com a boca, sem as mãos, nossos valores seriam muito diferentes).

Os que não são indivíduos morrem e se dissolvem logo em seguida no mar astral, retornando à alma-grupo. Os animais individuais morrem como os seres humanos, ainda têm uma vida astral até reencarnarem, alguns reencarnam como seres humanos, nesse caso a morte costuma ser sofrida.

No Etérico e no Astral, os animais individualizados são muito parecidos com os animais de desenhos animados, eles têm um tipo de fala e são ao mesmo tempo humanos e ingênuos. A gente costuma sonhar com esses como sonharia com uma pessoa querida que morreu, inclusive sonha conversando com eles.

Praqueles que vão reencarnar como seres humanos, o convívio com a gente é importantíssimo.

Um abração,
Dudu.

Christiano disse...

Oi Dudu,
Agradeço pelo seu retorno e comentários às minhas dúvidas. De fato, tem sido sofrido, pois como disse ela era a "alma" da casa. Quando entrávamos em casa já o fazíamos chamando o nome dela, conversando, brincando, etc. E agora fica uma sensação de vazio, de que algo está faltando. Mas, essa sensação vai sendo acomodadda aos poucos e ficam as ótimas lembranças e a sensação de uma convivência saudável para nós e para ela, de ter ajudado um pouco que seja no processo evolutivo dela. Na convivência com ela praticava sempre aquele antigo lema, "trate uma pedra como uma planta, uma planta como um animal e um animal como ser humano" e devo dizer que pude perceber algo notável (embora natural), o claro afloramento de uma certa "personalidade" nela, desde que veio viver conosco e que se aprimorou muito nos últimos anos. Desde a infância convivo e gosto muito dos nossos companheiros de jornada do mundo natural e sempre notei essa diferença no grau de "humanização" entre vários deles. Essa percepção tem sido muito salutar, pois gera aquela sensação inefável de perceber e fazer parte desse "fluxo eterno e divino" (nesse momento, não achei palavras melhores para descrever) evoluindo sempre rumo à divindade. Esse, creio, foi o grande presente que a convivência com ela me deixou. E após essa fala longa de novo, gostaria que me tirasse uma dúvida quanto a esse trecho do seu comentário: " Os animais individuais morrem como os seres humanos, ainda têm uma vida astral até reencarnarem, alguns reencarnam como seres humanos, nesse caso a morte costuma ser sofrida.".
Por que, necessariamente, a morte deve ser sofrida nesses casos?

Obrigado, novamente, pela sua acessibilidade e disponibilidade em tirar as dúvidas que vão surgindo.

grande abraço

Canto do Dudu - Dudu Lopes disse...

Cara, eu não sei porque há esse sofrimento na maioria das vezes (não todas).

Já me disseram que é necessário o sofrimento como um parto para um novo estágio, mas tenho minhas reservas em relação a isso. Pode ser que sim, pode ser que não, não sei.

Um abração,
Dudu.

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