terça-feira, 9 de setembro de 2008

O Que É Yoga - O Básico

Texto de Dudu Lopes.

NOS DOIS ÚLTIMOS TEXTOS (A Única Religião Verdadeira e Religião e Sistema de Crenças) tentei explicar a definição correta de religião; religião é religar a porção divina do homem a Deus através do não se importar com as coisas agradáveis ou desagradáveis. E que, mais do que isso, religião é o ato de procurar ver Deus como algo concreto e não como uma idéia ou sensação ou sentimento.

O que chamamos de religiões são somente sistemas de crenças que nasceram com o objetivo de dar ao homem condições de se relacionar com Deus como algo concreto e não como um amiguinho imaginário.

O Que É Yoga

Ainda que, na sua origem, o Yoga nunca tenha sido considerado uma religião, o Yoga é um sistema de técnicas bem abrangentes para se facilitar a caminhada na vida, seja nos objetivos mais comuns (saúde, finanças, romance,...), seja no objetivo incomum de vir no futuro a encarar a Divindade sem o auxílio da imaginação.

E, não por acaso, Yoga significa "unir", "atrelar dois bois juntos". Quando unimos o boi da Divindade Interior ao boi da Divindade Exterior, a força aumenta e muito para puxar a carroça da vida. Seja puxar pra facilitar a caminhada nas coisas de nossa vida comum, seja puxar para alcançar a visão da Divindade como algo concreto.

Pela popularização no ocidente das asanas ou posturas físicas do Yoga, popularizou a definição de Yoga como sinônimo de "ginástica indiana", chegando, no Brasil, ao ponto ridículo de quererem limitar a prática do ensino de Yoga a professores de Educação Física.

Pra piorar a coisa, um dos ramos do Yoga, o Hatha Yoga, que lida com a manipulação das energias etéricas e astrais a partir do corpo físico, foi tomado como uma espécie de Yoga que usa a ginástica e a respiração como caminho espiritual.

Essa definição deu ao Hatha Yoga e ao Yoga em geral o caráter de exercício físico que tem hoje no ocidente.

As asanas do Yoga não são exercícios físicos, são movimentos e posições que atuam diretamente nas forças ocultas da natureza que nos circundam, e seu benefício físico é diretamente relacionado a essas forças ocultas da natureza.

A experiência natural mais próxima ao ato consciente das asanas é conseguir aquela posição única para dormir, que nada mais é do que uma posição física junto com uma postura mental que faz a natureza astral puxar nosso corpo astral para fora do corpo físico e assim nos fazer adormecer. Quando não há ligação entre o corpo físico e a natureza astral, a pressão do corpo físico não permite que o corpo astral saia e assim rolamos instintivamente de um lado pro outro, procurando uma posição física e pensamentos ou fantasias, para encontrarmos a condição para pegar no sono.

As asanas - que são um conjunto de movimento, velocidade de movimento, posição do corpo, respiração, concentração e conscientização do fluir das energias pelo corpo; e não somente ficar numa posição respirando de um jeito específico - são uma compilação de condições para se alcançar fins mais abrangentes do que apenas dormir e, por conseqüência, ligar a força de nossa Divindade Interna à força da Divindade Externa e atrelar as duas à carroça da vida, tornando a vida mais fácil e o progresso espiritual mais dinâmico.

O Ashtanga Yoga De Patanjali

De todas as abordagens sobre o Yoga, os "Yoga Sutras" de Patanjali é a abordagem mais didática e mais direta sobre o que é realmente o Yoga. Lá no segundo século antes de Cristo, Patanjali desenvolveu o seu Ashtanga Yoga, que define e organiza a prática do Yoga.

Ao contrário do que se pensa, a mente e seus pensamentos não são coisas abstratas, são coisas concretas que são formadas de matéria. Essa matéria recebe o nome no Yoga de Patanjali de chitta.

Assim como o sangue no corpo físico, o chitta está sempre em movimento no corpo astral que é o que chamamos de mente. O sangue distribui pelo corpo o que absorvemos do mundo exterior pela boca, pelo nariz e pela pele. O chitta distribui por todo o corpo astral, o que absorvemos do mundo astral exterior. Em outras palavras, a maior parte de nossos pensamentos, sentimentos, emoções, idéias e ideais vêm do exterior, que são absorvidos pelos órgãos da mente e distribuídos por todo o corpo astral (a mente) pelo chitta.

Praticamente todas as pessoas não pensam por si mesmas e são influenciadas pelos objetos mentais externos (pensamentos, emoções, idéias,...). Segundo Patanjali, a gente precisa aprender a ter a mente limpa, sem pensar com a mente afetada pela natureza exterior ou pela mente de outras pessoas e das massas.

Pra isso, é necessário parar o movimento de chitta, que distribui as influências exteriores por todos os cantos da mente. Patanjali define Yoga como a técnica para se parar esse movimento.

A prática do Yoga não pára este movimento de uma vez, mas o vai parando aos poucos, e quanto mais o movimento do chitta se aquieta mais nos tornamos independentes das influências exteriores e, assim, nos tornamos mais cientes de nós mesmos, do que realmente somos e o que realmente pensamos sobre as coisas, e nos tornamos donos de nossa vida.

Ser independente é a única forma de encontrarmos Deus como algo concreto, porque o pensamento independente nos leva a reavaliar o que é agradável e o que é desagradável de acordo com nós próprios e não com o que o meio externo nos ensinou e impõe o que é. Por exemplo, a sociedade nos ensina que a vida como mendigos é desagradável e por isso acaba sendo mesmo para nós, pessoas comuns. Mas para iogues e monges (hinduístas, budistas, cristãos,...) a vida de mendicância é tão agradável quanto a opulência, vivem independentes do que a sociedade estabeleceu a respeito do assunto.

O Yoga No Dia-A-Dia

Para a maioria de nós, a mendicância é desagradável e a opulência é agradável. E, claro, não há nada de anormal nisso. Evitar a mendicância e buscar a opulência é perfeitamente saudável segundo o Yoga. O que não é saudável é temer a pobreza ao ponto de não se viver a própria vida, não desfrutar da família e dos amigos, para se obter mais e mais dinheiro a despeito da necessidade; e nem é saudável segundo o Yoga anular a própria vida para se alcançar a opulência, casando-se por interesse, sendo subserviente aos pais por interesse, sendo conivente com a desonestidade da empresa apenas pelo interesse em alcançar opulência.

Mas o Yoga não condena essas pessoas como más, só afirma que essas pessoas estão fracas, a dependência destas pessoas para conseguir opulência através de outras pessoas trará conseqüências ruins mais cedo ou mais tarde, o medo da pobreza também, e elas não desfrutarão de tudo de bom que os bens materiais podem oferecer. O Yoga ensina a essas pessoas que elas precisam se fortalecer.

Ganhar dinheiro com independência ética, moral e pessoal é uma tarefa que traz a possibilidade de se desfrutar plenamente dos bens materiais; uma pessoa que recebeu seu carro de seu cônjuge ou de seu pai não desfrutará plenamente do carro, tanto quanto o cônjuge ou o pai desfrutam dos seus.

Qualquer um que tenha provado a independência pessoal, não aceita a dependência... na necessidade, sofre com ela; mas não descansa até recuperar as forças para encontrar novamente a independência.

O que foi dito aqui em termos financeiros, pode ser igualmente aplicado na vida amorosa e na saúde de cada um. O medo de mendigar amor ou sexo, torna as pessoas dependentes de outras. O medo de doenças torna as pessoas dependentes de remédios e de médicos.

Na prática do Yoga aprendemos a colocar o dinheiro, o amor e o sexo, os médicos e os remédios, cada uma dessas coisas maravilhosas, na posição em que melhor funcionam em nossas vidas, trazendo tudo o que cada uma tem de melhor, eliminando ou minimizando seus efeitos colaterais nocivos.

E sobre a prática do Yoga , a gente conversa no próximo texto .





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