terça-feira, 23 de outubro de 2007

"Os Arcanos Maiores do Tarot" de G. O. Mebes

Texto de Edison Rabello Jr.

A VIDA SEGUE dogmas e idiossincrasias e sim verdades, leis e princípios. E nesses campos não há margem para interpretações; se algum assunto pode ter mais de um ponto de vista ou permite interpretações pessoais, não é a Verdade. A Verdade é inquestionável.

Os fatos e as circunstâncias da vida, portanto, também são regidos por suas próprias leis e princípios, mas todos têm sua própria e única Verdade, e não mais do que uma. Quando começamos a lidar com o lado oculto da vida, então, esta afirmação se torna não só necessária, mas evidente, pois que a tentativa de interpretar a realidade segundo uma estreita e despreparada visão individual da natureza oculta da vida pode nos levar a cometer erros que nos causarão atrasos em nossa evolução e pelos quais teremos que pagar um preço elevado.

Um Curso De Ocultismo

Uma excelente ferramenta para estudo dessas leis e princípios que nos conduzem à Verdade inerente a cada fato ou situação da vida, é o livro "Os Arcanos Maiores do Tarô", de G.O. Mebes , editado pela Pensamento. É um clássico do estudo do ocultismo (seu nome original traduzido do russo é "Curso de Enciclopédia do Ocultismo") e obra de referência para aqueles para quem o mundo físico há muito tempo já ficou "pequeno" demais e não fornece mais as respostas para a maior parte das inquietudes humanas em sua busca pela reintegração com sua origem Divina.

O livro nos mostra que o conhecimento da natureza oculta da vida, conhecimento esse que é milenar e vem sendo transmitido às gerações seguintes, foi condensado pelos antigos iniciados na forma de arcanos, cujo significado, nas palavras do próprio autor, é o seguinte:

(...) ARCANUM é um mistério cujo conhecimento é indispensável para compreender um grupo determinado de fatos, leis ou princípios. Sem o conhecimento do "Arcanum", nada pode ser feito no momento que surge a necessidade de tal compreensão. "Arcanum" é um mistério acessível a uma inteligência suficientemente diligente nessa esfera. No seu sentido amplo, o termo "Arcanum" inclui toda a ciência teórica, referente a qualquer atividade prática em determinado campo (...)

(...)Um arcano pode ser expresso oralmente, mediante a escrita de uma linguagem comum, ou ainda, simbolizado. Os antigos centros iniciáticos utilizavam a terceira forma de transmissão, isto é, a simbólica(...)

Não É Um Livro Sobre Tarô

Assim, com a dupla finalidade de transmitir esses conhecimentos aos que viessem depois, mas ao mesmo tempo procurando encobri-los com um véu simbólico para que tais arcanos não ficassem à mercê de qualquer um que, sem conhecimento prévio e energia suficientes tivesse acesso à sua essência para usá-los com objetivos involutivos e egoístas, os antigos iniciados os ocultaram nas cartas de um baralho conhecido como Tarô, que é atualmente muito utilizado como arte divinatória.

Esses elementos-chaves da natureza oculta foram distribuídos em 22 "passos" que correspondem às primeiras 22 cartas do Tarô, os chamados "Arcanos Maiores", começando pelo elemento mais conciso e "concentrado" - o Mago, o Arcano I - e terminando com a manifestação mais concreta - o Mundo, o Arcano XXII. Esses passos representam o caminho que um indivíduo precisa seguir para obter o conhecimento completo da natureza oculta e efetivamente aplicá-los em sua vida de maneira evolutiva.

Um Estudo Que Não É Para Todos

A maior parte da humanidade ainda não tem condições de perceber a profundidade e a simplicidade de tal conhecimento, apesar da aparente complexidade do que é mostrado no livro; assim, apesar de os conhecimentos terem sido ocultados para que fossem preservados dos "olhos" do povão, os antigos iniciados escolheram justamente - e aparentemente de maneira contraditória - um jogo muito popular, um baralho, para esse fim. E de que outra forma um tal conhecimento se perpetuaria sem chamar a atenção do populacho senão pelas mãos e costumes do próprio povo, sem que este nem mesmo tivesse idéia do que estava fazendo?

Nossa vida cotidiana é repleta de símbolos, a maior parte deles de conhecimento generalizado - independente de língua ou costumes nacionais. Os sinais de trânsito, por exemplo. O sinal vermelho, seja onde for, significa que se deve parar, aguardar, seja você um motorista ou um pedestre; o sinal verde já nos diz para andar, avançar. São símbolos de fácil compreensão para quem vive nas cidades. Mas não têm significado algum para uma tribo africana ou para os esquimós, que não fazem uso deles.

Os Símbolos E O Estudo Prático

Da mesma forma, o chamado conhecimento "iniciático" que foi oculto nos símbolos das cartas do Tarô é de leitura fácil para aqueles que deles fazem uso na vida cotidiana, mas são apenas um amontoado de desenhos sem sentido para quem não está preparado para vivenciá-los. A vida nos proporciona circunstâncias conforme nossas condições evolutivas de vivenciá-las: "Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece".

O conhecimento oculto nas cartas pode ser "extraído" pelo estudo prático do simbolismo dos arcanos, manipulando sua natureza de maneira que suas leis sejam compreendidas e assim possamos reproduzi-las em nossa vida cotidiana. Os arcanos se tornam assim os elementos-chaves do processo evolutivo da humanidade, processo esse que é totalmente individual, ainda que seus objetivos finais, numa visão mais abrangente, sejam de proveito coletivo.

Aprendendo A Lidar Com A Natureza Oculta

Aprender a lidar com a natureza oculta e seus elementos, e como manipular esses elementos a nosso favor é a tarefa que se propõe à humanidade nesta etapa da evolução. E o uso deste conhecimento, não para fins egoístas, mas com o objetivo evolutivo de que através do crescimento de um de seus membros na direção correta leva junto toda a humanidade na mesma direção. Todos somos parte do grande "organismo" ao qual chamamos Deus, e o nosso desenvolvimento individual nesta direção correta amplia a certeza de nossa divindade, a certeza de sermos parte tão importante - ou tão desimportante - do que seja Deus.

Este livro é, portanto, um companheiro e um instrutor de grande valia para aqueles que já se decidiram a fazer parte deste seleto grupo - seleto não por discriminação, senão pelo que exige de responsabilidade e compromisso de seus "membros" - dos que procuram ir na frente e dedicar suas vidas a buscar esta divindade esquecida pelo homem. "Os Arcanos Maiores do Tarô"nos revela as chaves desta busca.

Toda a humanidade um dia terá acesso a tais conhecimentos e alcançará os mesmos objetivos, ao longo das muitas vidas, afinal de contas que Pai amoroso deixaria de dar oportunidades iguais a seus amados filhos? Mas a busca desse conhecimento agora permite que nos adiantemos, mesmo a custa de caminhos às vezes menos prazeirosos, e procuremos trazer nossos outros irmãos pra cima e pra frente, para que eles possam sentir em menor grau o peso do sofrimento que às vezes é necessário para que possamos nos decidir pelo caminho certo a trilhar.





10 comentários.

Valéria Pires dos Santos disse...

Olá!
gostei muito do seu artigo e estou anunciando no meu blog
Arte e Magia!
Parabéns pelo blog!

Edison Rabello disse...

Prezada leitora, fico muito feliz que tenha gostado do texto e do trabalho realizado aqui no Canto do Dudu.

Agradecemos sua visita e não deixe de acompanhar os próximos textos.

Um abraço

Edison

Unknown disse...

vc tem algum livro sobre clarividência ,despertar da terceira visão ou algo do tipo ?

obrigado pela atenção

Anônimo disse...

Prezado Beto, obrigado pelo interesse e espero que tenha gostado deste e dos demais textos aqui do Canto do Dudu.

O livro, se você está começando, eu indico "A Clarividência", de C.W. Leadbeater - Ed. Pensamento, que faz parte de uma série de manuais da Sociedade Teosófica. Nesses manuais você pode encontrar bastante informação, e a partir daí buscar um aprofundamento.

Um abraço

Edison Rabello

Christiano disse...

Olá!
Seu artigo me foi muito instrutivo. Estou iniciando estudos no tarot e gostaria muito de algumas indicações de material de estudo sobreo tema.
Muito obrigado!

Edison Rabello disse...

Prezado Christiano

Obrigado pelo seu comentário.

Gostaria de frisar que a idéia do texto não foi exatamente tratar do tarô como arte divinatória, mas sim como a síntese de um determinado conhecimento oculto, que está representado de forma simbólica num jogo popular.
Para introdução, eu sugiro livros como "O Tarô de Marselha", onde você pode encontrar uma boa introdução ao assunto.

Um abraço

Edison

edo matayoshi disse...

GRACIAS SEÑOR POR SU ACERTADA PAGINA.AL LEER EL LIBRO DEL MAESTRO MEBES HE QUEDADO IMPRESIONADO.Y EL COMENTARIO DE UD ES LO MAS ACERTADO QUE HE PODIDO ENCONTRAR.PERDONEME LEO Y HABLO EL PORTUGUEZ PERO SE ME HACE TREMENDAMENTE DIFICL ESCRIBIRLO

Edison Rabello disse...

Caro Sr. Edo

Muitíssimo obrigado pelo comentário. Nossa intenção aqui é abrir portas, incentivar as pessoas para que aprofundem suas buscas interiores. E o livro do Mebes é uma dessas portas que nos levam a uma fonte de conhecimento inesgotável.

Um abraço

Edison Rabello

Christiano disse...

Olá Edison,
no livro, o autor se utiliza da cabala como referência para os arcanos. Qual a relação entre cabala e os arcanos? E no caso dos arcanos menores, como se diferenciam dos maiores e se relacionam com a cabala?

Edison Rabello disse...

Olá, Christiano

Pra te explicar isso é preciso que você tenha em mente que todo esse conhecimento oculto de que o Mebes trata está relacionado ao estudo do plano astral. No astral, os conceitos são coisas concretas, vivas, mas são mais como formas (“fôrmas”) ou vasos, que devem ser “preenchidos” pela interpretação da mente do próprio “investigador”, digamos assim. Os conceitos no astral são como uma matéria bruta que precisa ser lapidada até o ponto em que o cérebro físico possa entender; caso contrário você não consegue trazê-los para serem aplicados na vida física. Pra quem ainda tem corpo físico, como nós, o ponto de partida para a ação vai ser sempre o plano físico. No físico é que a gente vai “trabalhar” a vida, mas usando o que apreende no astral, trazendo esse conhecimento pra baixo.

Todo estudante de ocultismo necessita de símbolos para que o cérebro físico possa apreender a realidade astral. A cabala, o tarô e quaisquer outros símbolos utilizados pelos ocultistas nada mais são do que maneiras de fazer o cérebro físico sintonizar com a mente, que é o corpo astral, e interpretar a realidade astral, para uso prático, tanto no próprio plano astral como no físico.

A cabala escolheu como símbolos as letras do alfabeto hebraico, e para manipular o poder que eles representam existem todas aquelas técnicas e rituais dos quais o livro fala; o que o Mebes faz é apresentar uma síntese de todo um conhecimento oculto, juntando a cabala com o simbolismo do Tarô, a Astrologia e o chamado Hermetismo.

Em última análise, o mais importante é o que você, como indivíduo, vai conseguir extrair dos símbolos, é o modo como você vai chegar à realidade astral por trás dos símbolos e usá-los em prol de sua evolução pessoal.

Por exemplo: a Lua astrológica - o “conceito” Lua – simboliza uma determinada energia condensada que também pode ser encontrada na prata, no instinto maternal, na noite, na água e também numa deusa de uma religião qualquer. Conhecendo a realidade astral subjacente por trás desses símbolos, você apreende os conceitos; e então você passa a ver essa realidade astral, representada pela Lua, em diversas outras coisas, como uma fruta ou uma pessoa meio sombria, por exemplo. Com os conceitos à mão, essas coisas podem funcionar exatamente como uma carta de Tarô ou como os símbolos da cabala, no sentido de criar no cérebro físico o “gancho” correto que te permita lidar com aquela determinada energia na hora que você precisar.

A diferença fundamental entre Arcanos Maiores e Menores é a maior especialização dos Menores; enquanto os Maiores tratam da essência dos processos astrais, sendo mais sintéticos, os conceitos representados nos Menores são derivados dos Maiores, acrescentando novos elementos, como se estivéssemos lidando com os Maiores num momento adiante, em um ponto mais avançado da espiral evolutiva.

Espero ter respondido suas questões satisfatoriamente; se não, fique à vontade pra continuar questionando.

Um abraço

Edison Rabello

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